São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Milton revê Minas em "Nascimento"

ANA CRISTINA PESSINI

Bituca está de volta a Minas. Em seu novo CD, "Nascimento", o cantor e compositor Milton Nascimento retoma sua infância e adolescência em Minas Gerais e vai mais longe, evocando também suas raízes africanas e traçando paralelos entre seu trabalho e a música latino-americana.
Nesse caldeirão, São Paulo foi o ponto de partida escolhido para o lançamento mundial de "Tambores de Minas", nome extraído de uma das faixas do novo disco e que batiza a turnê.
Com direção cênica e cenografia de Gabriel Villela, o espetáculo traz ao palco do Tom Brasil uma ambientação ligada ao universo barroco mineiro com cerca de 17 acróbatas e percussionistas vestidos como os profetas de Aleijadinho.
Recuperado do susto causado por uma crise de diabete tipo 2, que lhe custou vários quilos e uma internação, Milton Nascimento promete compensar o tempo perdido ao lado de Robertinho e Ronaldo Silva (percussão), Luís Alves (baixo), Nivaldo Ornellas (sax e flautas) e Túlio Mourão e Kiko Continentino (teclados).
A novidade da banda é o baterista Lincoln Chieb, cujas pesquisas sobre ritmos folclóricos mineiros inspiraram duas canções do show, "Louva-a-Deus" e "Tambores de Minas", parcerias de Milton, respectivamente, com Fernando Brant e Marcio Borges. A forte influência percussiva em seu novo trabalho, segundo Milton, tem fundamento histórico.
"Os negros que vieram da África para a Bahia trabalhavam na terra. Os que vieram para Minas trabalhavam dentro da terra. Por isso a sonoridade dos tambores é diferente", explica.
Outro ponto forte do CD, e que devem fazer parte do show, são as músicas uruguaias "Cuerpo y Alma", de Eduardo Mateo, e "Biromes y Servilletas", de Léo Masliah, que ganhou a versão, em português, "Guardanapos de Papel".
"Eu já conhecia a música uruguaia há tempos, mas precisava de um gancho, alguma coisa que tivesse a ver com Minas, para poder incluir no meu trabalho. Sempre digo que 'Cuerpo y Alma' deveria ser o hino do Uruguai."

Para a América do Norte, aonde Milton Nascimento deve levar "Tambores de Minas" em breve, duas homenagens póstumas: "OK! Man River", ao ator River Phoenix, e "Ana Maria", composta por Wayne Shorter para sua mulher, ambas em versão instrumental.

MILTON NASCIMENTO - Tom Brasil (r. Olimpíadas, 66, Vila Olímpia, região sudoeste, tel. 820-2326). 1.385 lugares. Hoje e amanhã: 22h. Dom.: 20h. Qui.: 21h30. Em cartaz até 3/08. Ingr.: R$ 35 a R$ 70. Estac. c/ manob. (R$ 10). CC: todos.

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