São Paulo, sábado, 19 de julho de 1997
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Escala mede intenção de morte

DA REPORTAGEM LOCAL

Tentativas de suicídio realizadas em frente de muitas pessoas ou que possibilitem a intervenção e salvamento são consideradas menos graves.
Segundo o psiquiatra Claudemir Rapeli, 35, do Serviço de Urgência e Emergência da Unicamp e do Núcleo de Estudos do Suicídio, essas pessoas precisam de ajuda especializada.
"Em geral, são pessoas vivendo sob grande sofrimento e angústia e as tentativas de morte são, na verdade, pedidos de socorro que precisam ser atendidos o mais rapidamente possível", diz ele.
Rapeli afirma ainda que existe um grau de intencionalidade mensurável nas tentativas de suicídio.
É a chamada escala de Beck, um dos maiores estudiosos de suicídio de todos os tempos.
"Por exemplo, uma pessoa que se atira na frente de um carro, quando há pessoas que possam socorrê-lo, tem intenção menor de morrer do que uma outra pessoa que, por exemplo, esconda veneno da família por várias dias ou semanas, até poder usá-lo sem risco de ser encontrado."
Segundo ele, o método escolhido para uma tentativa de suicídio não é o fator mais importante na análise de um caso.
"Isso é importante, mas o que precisa ser levado em consideração é o nível de sofrimento a que essa pessoa está exposta e o grau de intencionalidade. O método é levado em consideração para saber quão grave foi a tentativa desse ser humano em tirar a própria vida."
Em relação à suspeita da Polícia Federal de que o passageiro Leonardo Teodoro de Castro poderia ter levado explosivos para avião, Rapeli diz não conhecer o paciente e não poder diagnosticá-lo.
"Se ele for um especialista em bomba e levou explosivos que não destruiriam o avião, sua intenção era pedir ajuda. Mas, se ele não é um especialista, sua intenção de morrer deve ser considerada maior. Mas tudo são conjecturas. Não é possível determinar o que aconteceu sem estar acompanhando o caso."

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