São Paulo, sábado, 19 de julho de 1997
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'Emergente' troca praia por seleção

Giba desistiu do vôlei de praia

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A revelação brasileira na Liga Mundial percorreu o caminho inverso das estrelas do vôlei.
Giba, 20, ao contrário de seus pares famosos Giovane e Tande, preferiu trocar uma carreira no vôlei profissional de praia pela oportunidade de defender a seleção.
Durante a Liga, o paranaense substituiu o atacante Carlão, 32, contundido no tornozelo.
Na partida contra a Holanda -a única vitória brasileira- ele foi o maior destaque, 9 pontos e 26 vantagens. Nos jogos seguintes, ao lado de Nalbert, foi o mais regular jogador da equipe.
Sua carreira, acredita, poderia ter tomado outro rumo se tivesse permanecido no vôlei de praia.
Em 94, aos 17 anos, participou de quatro etapas do circuito brasileiro de vôlei de praia.
Á época, já atuava em clubes, defendendo o Curitibano, da capital paranaense. Pouco depois, no Cocamar, de Maringá, foi convocado para a seleção pelo então técnico José Roberto Guimarães.
"Ter participado do circuito na praia foi bom para eu melhorar minha impulsão. Só que meu objetivo era a seleção. Não dava para continuar na praia", declara Giba, 1,92 m, o mais baixo atacante da atual equipe brasileira.
Ele só é mais alto que os levantadores Maurício (1,86 m) e Marcelo Elgarten (1,83 m). Empata com o outro levantador, Ricardinho.
Na Centennial Cup, nos EUA, contra a seleção local, sua primeira competição de peso -até então só tinha participado de seleções menores- protagonizou um lance que o técnico Zé Roberto usa como demonstração de personalidade.
"Um norte-americano tinha feito um ponto de saque em cima dele. Já estava me preparando para substituí-lo, quando o Giba bateu no peito, pedindo para que o adversário sacasse novamente nele."
Compensação
Considerado ao lado de Nalbert como um dos melhores jogadores de defesa que atuam no país, fora escolhido para atuar como líbero nas finais da Liga Mundial -função na qual revezara com Kid, na fase classificatória.
Com a contusão de Carlão, foi deslocado para ser atacante.
No vôlei, o líbero é o jogador responsável por melhorar o passe e a defesa. Ele não pode atacar, sacar ou bloquear.
"É uma função boa, mas desgastante. Eu acho que não tem muito isso de preferência. O importante é estar jogando. Se precisasse, eu seria até levantador."
O desempenho do atleta, porém, ainda esbarra na pouca eficiência no bloqueio, agravada pela estatura, considerada baixa para os padrões mundiais do esporte.
Nesse aspecto, perde para o titular Carlão, 1,96 m, um dos mais eficientes no fundamento.
"Jogador como eu não tem outra escolha. Tem que treinar muito. Não pode treinar 'meia-bomba'. Você sempre tem que estar melhor que outros. Não tem outro jeito para enfrentar monstros como o Bas van de Goor (holandês, 2,09 m )."
O caminho para a seleção tentar voltar a conquistar títulos, de acordo com ele, não dependerá da qualidade dos jogadores, mas da melhoria no padrão tático.
"Teremos que melhorar muito nesse aspecto. As outras seleções estão muito adiante. Mas o grupo é muito bom. Tenho certeza de que o Radamés saberá lapidá-lo até a época do Mundial."
Depois do quinto lugar no torneio, a equipe iniciou ontem no Rio a preparação para as quatro partidas amistosos contra a Holanda, em agosto.
Os jogos servem como preparação para as seletivas, em setembro, do Mundial do Japão, em 98.

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