São Paulo, sábado, 19 de julho de 1997 |
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IRA pode declarar novo cessar-fogo
DAVID MCKITTRICK
A iniciativa deve infundir nova vida num processo de paz que muitos consideravam moribundo desde que a última trégua terminou, em fevereiro de 1996, com a bomba do IRA que devastou a área das docas de Londres. Mas, enquanto muitos podem enxergar o anúncio como uma oportunidade para avanços, o fato é que ele também encerra graves dificuldades políticas. A mais imediata é a permanência ou não na mesa de negociações do principal partido unionista, o dos Unionistas de Ulster, liderado por David Trimble, se o Sinn Fein, o braço político do IRA, também for autorizado a participar, em setembro. Trimble deverá reunir-se com o premiê Tony Blair na segunda, numa tentativa de convencer o governo britânico a endurecer a postura na questão do desarmamento. Mas parece pouco provável que o governo mude sua posição. O fator decisivo na iniciativa parece ter sido a decisão tomada por Blair de abandonar a ênfase anteriormente dada por John Major à questão do desarmamento. Os republicanos vêm insistindo, há muitos meses, que um novo cessar-fogo só seria possível se fosse garantido um lugar para o Sinn Fein à mesa de negociações, sem um desarmamento obrigatório. Consternados com a postura adotada por Tony Blair, os Unionistas do Ulster, que defendem a manutenção da soberania britânica na Irlanda do Norte, modificaram sua postura. O primeiro indicativo público confiável da existência de uma proposta de cessar-fogo veio ontem, quando os líderes do Sinn Fein Gerry Adams e Martin McGuinness anunciaram que haviam exortado o IRA a restaurar o cessar-fogo de 1994. Disseram que haviam entregue ao IRA um relatório e avaliação detalhados da situação e que o grupo terrorista lhes havia garantido que responderia prontamente. Adams acrescentou: "Deixei claro que só abordaria o IRA para propor uma restauração do cessar-fogo se sentisse razoável certeza de ouvir resposta positiva". A declaração foi vista como um sinal evidente de que a trégua está prestes a ser anunciada. Outro sinal anterior havia sido dado numa declaração conjunta de Adams e do líder do Partido Trabalhista Social e Democrático, John Hume. Eles se declararam "otimistas quanto à possibilidade de remoção dos obstáculos restantes à realização de negociações". Os separatistas podem ter concluído que a eleição de Tony Blair e do novo premiê da Irlanda, Bertie Ahern, renovou a paisagem. Ambos são considerados mais abertos e receptivos ao conceito de um processo de paz que seus antecessores, John Major e John Bruton. Próximo Texto: Cronologia Índice |
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