São Paulo, sábado, 19 de julho de 1997
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Posse-relâmpago busca fim da crise

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente Alberto Fujimori já deu posse a cinco novos ministros no Peru, em uma tentativa de diminuir a crise em seu governo.
Os novos ministros das Relações Exteriores, do Interior, da Defesa, da Justiça e da Pesca tomaram posse anteontem à noite. Após a cerimônia, se mobilizaram para acalmar a atmosfera política resultante de uma semana em que três ministros renunciaram e milhares de pessoas foram às ruas de Lima protestar contra o presidente.
O recém-empossado ministro da Justiça, o advogado Alfredo Quispe Correa, disse que o caso de Baruch Ivcher seria resolvido "anonimamente" pelas cortes. Ivcher, nascido israelense, teve sua cidadania peruana cancelada depois de a TV Frecuencia Latina, controlada por ele, ter exibido documentários com acusações contra o governo e as Forças Armadas.
No último programa, foi feita denúncia de que o serviço secreto mantém uma rede de escutas telefônicas para vigiar jornalistas, diplomatas e políticos.
Caso o cancelamento da cidadania seja confirmado, Ivcher terá de deixar a direção da TV -no Peru, estrangeiros não podem controlar meios de comunicação.
Além da crise política, Fujimori lida com uma crescente impopularidade. Pesquisa recente revelou que apenas 23% dos moradores de Lima aprovam o presidente -o índice mais baixo de sua estadia no poder, iniciada em 1990.
Os peruanos também acham que Fujimori se curva aos militares -a mesma pesquisa disse que 53% acreditam que o país é controlado pelas Forças Armadas.
Segundo analistas militares, a nomeação de dois generais para as pastas da Defesa e do Interior, César Saucedo e José Villanueva, respectivamente, apontam para uma maior militarização do governo Fujimori -o presidente, que mantém um estreito vínculo com os militares, deu maiores poderes a estes para a intensificação do combate ao terrorismo.
"As nomeações não representam uma mudança na direção do governo, ou, menos ainda, uma correção dos erros cometidos", disse o jornal "Expreso", tradicionalmente pró-Fujimori. "Ao contrário, a inserção na equipe ministerial de dois generais da ativa aponta para uma maior militarização do regime".
Tanto Saucedo quanto Villanueva são considerados aliados de Vladimiro Montesinos, que se acredita ser o homem de ligação entre o presidente e os militares, e do general Nicolas Bari de Hermoza. Pesquisa de opinião mostrou que a população do país acredita que esses dois são os verdadeiros homens no poder no Peru.

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