São Paulo, sábado, 19 de julho de 1997
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Banespa; Perplexidade; Abordagem parcial; No limite; Poema à vida; Julgamento imparcial

Banespa
"O artigo publicado na Folha de 11/7, assinado por Mailson da Nóbrega, comete vários equívocos e permite dúvidas sobre as intenções de seu autor.
Afirma que 'o Banespa já não é mais o maior rombo da história em uma instituição financeira: US$ 15 bilhões'.
Esse alegado rombo não encontra amparo na verdade, uma vez que essa instituição continua operando e suas dificuldades de liquidez decorrem única e exclusivamente de operações, já resolvidas, com o setor público, este definido pela Constituição Federal como solvente por natureza.
O articulista cita o Banespa como exemplo de casos dolorosos de bancos estaduais, mas lembra, com propriedade, a sua história de contribuições.
Exalta corretamente os talentos que nasceram em seus quadros e afirma que seus problemas começaram com a crise da dívida externa nos anos 80, 'que de certa forma acompanhei como secretário geral do Ministério da Fazenda, cargo que me fez interlocutor da alta administração do banco no governo de Franco Montoro'.
Esquece o articulista de citar que justamente naquele período é que foram contratadas cerca de 47% das operações em moedas nacionais do Estado e de suas empresas dependentes junto ao Banespa, por entenderem os gestores de então que deveriam nacionalizar essa dívida em vez de equacioná-la, legando ao futuro a gestão dessa questão.
Fica entendido pela sua afirmação de co-partícipe que é um dos responsáveis por esse quadro de dificuldades, que está por se encerrar.
Ao afirmar que era inevitável a intervenção do Banespa e que a situação do banco piorou com os rombos gerados nos dois governos seguintes, comete grave equívoco ou busca disfarces para imputar a outros a responsabilidade que tem por ter sido um dos que, conforme afirmou, teriam contribuído para a concentração de créditos do Estado nesse banco.
Essa afirmação descabida e difusa atinge e ofende todos quantos defenderam, defendem e/ou administraram e administram o Banespa. É generalista e tenta esvaziar as verdadeiras causas das momentâneas dificuldades do banco."
Carlos Augusto Meinberg, presidente da Prodam (Companhia de Processamento de Dados do Município de São Paulo), presidente do Banespa em 1994 (São Paulo, SP)

Perplexidade
"Sobre a reportagem 'Inepar é testa-de-ferro da Camargo Corrêa, diz tribunal' (4/7): em 3/7 a Inepar foi contatada pelo repórter Emanuel Neri para esclarecer sobre a publicação feita no 'Diário Oficial do Estado de São Paulo' a respeito do seu contrato com a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
O diretor industrial da Inepar, Gennaro Moretti, respondendo às indagações do jornalista, informou:
a) que a Inepar não é 'testa-de-ferro' da Camargo Corrêa;
b) que a Inepar atua tradicionalmente em âmbito nacional e internacional;
c) que a cessão parcial do contrato com a CPTM à Camargo Corrêa deveu-se a emergente necessidade de execução das obras, em função do curtíssimo prazo disponível para tal, abrindo, portanto, frentes paralelas de trabalho;
d) que o caráter emergencial da contratação das obras da CPTM visa quebrar a ciranda de vandalismo que a precariedade do sistema de transporte metropolitano de São Paulo vem motivando, dado o seu alto índice de frequência em falhas.
Também queremos esclarecer que nenhum custo adicional foi ocasionado à CPTM, já que a citada cessão de parte do contrato à Camargo Corrêa foi feita pela própria CPTM rigorosamente nos mesmos valores contratados originalmente junto à Inepar.
Queremos manifestar nossa perplexidade face à reportagem publicada na data de 4/7, que tem como único destaque o título '... Inepar é testa-de-ferro...', e que, no nosso entendimento, em nada esclarece a opinião pública sobre os fatos, além de sua própria conotação demeritória."
Gennaro Moretti, diretor da Inepar S/A Indústria e Construções (Curitiba, PR)

Resposta do jornalista Emanuel Neri - Todas as informações usadas na reportagem foram baseadas em parecer do conselheiro Eduardo Bittencourt, aprovado pelo plenário do TCE (Tribunal de Contas do Estado) de São Paulo.

Abordagem parcial
"O governo federal autorizou a segunda etapa da reestruturação tarifária dos Correios e os jornais, de um modo geral, estamparam títulos como 'Tarifas dos Correios estão até 48,1% mais caras'; 'Tarifas postais vão subir até 47% a partir de hoje'; 'Tarifas postais sobem até 47,8%', salientando a evolução de preços de apenas alguns itens isolados do reajuste.
Se houvesse uma abordagem equânime do assunto, os títulos deveriam dizer que essa reestruturação tarifária irá representar um impacto nas despesas dos clientes dos serviços postais de 9,5%, que é a média ponderada dos aumentos e reduções concedidos aos diferentes tipos de produtos e serviços.
A tarifa da carta comercial subiu, sim, 48,1%, mas na faixa de peso que vai de 50,01 a 100,00 gramas, que representa apenas 2,2% do total da correspondência postada no ano passado."
Fausto Weiler, assessor de imprensa dos Correios (Brasília, DF)

No limite
"Em meus 64 anos de vida, nunca vi ou ouvi que tivesse greve de Polícia Civil ou Militar.
Porém agora, com o magnífico 'Real', o que se vê é somente greves e paralisações.
Até quando o povo vai ser enganado com essas pesquisas fajutas, dizendo que está tudo bom, que está tudo bem, e que o Real é a solução para este faminto povo brasileiro?
Já são 100 milhões de desempregados, até quando vamos aguentar essa pouca vergonha do governo federal?"
Manoel Ribeiro (São Bernardo do Campo, SP)

Poema à vida
"Foi estimulante ler a coluna de Marcelo Coelho de 9/7, 'Que tal um fundo pago por quem desemprega?'.
Em meio à aridez e insensibilidade que têm permeado a discussão sobre 'flexibilização do contrato de trabalho', o artigo é um poema à vida!
Como poesia, pode até estar fora da realidade. Mas celebra a vida!
Aleluia!"
Odair dos Santos Perdigão (São Paulo, SP)

Julgamento imparcial
"Este sindicato estranhou a reportagem que noticia negociata entre ministros de Estados e deputados ligados à Igreja Universal do Reino de Deus (10/7), para que estes últimos votassem a favor do substitutivo Moreira Franco (reforma administrativa) em troca da derrubada da autuação fiscal efetuada contra a referida igreja.
Todos os autuados pela Receita Federal têm o direito de impugnar as exigências fiscais perante pelo menos duas instâncias administrativas.
Nessas instâncias atuam, como dirigentes ou julgadores, auditores-fiscais do Tesouro Nacional, que, por formação e condicionamento legal, repelem firmemente qualquer tentativa de ingerência político-partidária.
São amparados, nesse comportamento, por mandamento legal que lhes assegura a livre formação do convencimento nos julgamentos que realizam.
Assim, não têm fundamento quaisquer afirmações que reportem 'negociações' políticas para que cobranças fiscais sejam confirmadas ou julgadas insubsistentes."
Nelson Pessuto, presidente do Unafisco Sindical -Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Brasília, DF)

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