São Paulo, sábado, 19 de julho de 1997
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9º Encontro das CEBs

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Há mais ou menos 35 anos nasciam no Rio Grande do Norte e Maranhão e também em Barra do Piraí (RJ) as primeiras experiências de comunidades menores de discípulos de Jesus Cristo, unidas pelo convívio fraterno e celebração da Eucaristia, felizes em descobrir a força da Bíblia -lida em comum como livro de oração e exigindo coerência de vida-, a opção evangélica pelos pobres e o compromisso de serviço e transformação social. Surgiram, assim, as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), hoje tão conhecidas e que, ao longo dos anos, têm contribuído muito para a prática da vida cristã e a vitalidade da igreja no Brasil.
Em várias dioceses formou-se aos poucos uma rede de comunidades, fomentando a maior participação dos fiéis e forte experiência de comunhão eclesial.
A CEB passou, não raro, por desafios, como a necessidade de estabelecer, à luz da fé, o equilíbrio entre oração e compromisso social, empenho evangelizador e apoio aos movimentos populares, exercício de ação transformadora, de cidadania e filiação partidária.
A avaliação da caminhada das CEBs tem se realizado, especialmente, por ocasião dos "Encontros Intereclesiais". Essa iniciativa permite rever, em nível regional e nacional, a situação das comunidades, com particular atenção à sua pertença eclesial. Com efeito, o mais importante para as CEBs é a sua identidade cristã, pela vivência do batismo e confirmação, e a participação na missão evangelizadora que Jesus Cristo confiou aos discípulos.
Nestes dias, de 15 a 19 de julho, a cidade de São Luís (MA) acolhe o 9º Encontro Intereclesial sobre o tema "CEBs, Vida e Esperança nas Massas". Impressionou a preparação que teve lugar nos 16 regionais da CNBB, os quais escolheram os 2.359 delegados pertencentes a 238 dioceses.
Compareceram 57 bispos e 50 assessores teólogos. Participam, também, 94 convidados de 28 países. Notável é a presença fraterna de 58 representantes de igrejas evangélicas.
O encontro foi, durante quatro anos, organizado por uma comissão ampliada de 62 membros, presidida por d. Paulo Ponte, arcebispo de São Luís.
Contou com a colaboração de mais de mil agentes da igreja local, que se ocuparam com solicitude dos serviços de acolhimento, liturgia, transporte, alimentação. As celebrações abertas reuniram mais de 10 mil pessoas, como na bela e vibrante liturgia de abertura na praça Maria Aragão.
Caracteriza o encontro de CEBs o espírito de sacrifício dos que enfrentaram árduas distâncias de três a quatro dias de ônibus e a alegria das famílias de São Luís, que em suas casas acolheram os participantes.
Os dias foram intensamente ocupados por momentos de oração, convivência fraterna e trabalho com 234 grupos e 44 miniplenários. O tema, que teve como ponto de convergência levar a mensagem do Evangelho aos excluídos, foi subdividido em seis aspectos: catolicismo popular, religiões afro-brasileiras, pentecostalismo, excluídos e movimentos populares, cultura de massas e a questão indígena.
O entusiasmo contagiante das comunidades revela que ainda hoje Jesus Cristo ressuscitado continua caminhando como em Emaús, iluminando e animando seus discípulos, para que sejam no mundo fermento de vida e esperança.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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