São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 1997
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Direção é cargo sem importância, afirma Cardoso

DO ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

O atual prefeito de Contagem e ex-governador de Minas Gerais Newton Cardoso nega ter indicado o empresário Flávio Goes Menicucci para a chefia do DNER no Estado. Segundo o ex-governador, é um cargo "sem importância nenhuma, de terceira categoria".
Cardoso diz que sua única indicação no DNER foi justamente a do chefe de Menicucci, o diretor nacional do órgão, Maurício Hasenclever, um ex-empregado seu.
"Indiquei, mas nunca pedi nada a ele. Se quisesse fazer essas coisas que andam falando (caixa para campanha política), para que usar o cargo menor quando eu tenho o maior?" Cardoso voltou na quinta-feira de uma viagem aos Estados Unidos, onde conversou com o ex-presidente Itamar Franco sobre as eleições de 1998.

Folha - O sr. é o responsável pela indicação de Flávio Goes Menicucci para o DNER mineiro?
Newton Cardoso - Não. É um cargo sem importância nenhuma, de terceira categoria. A pessoa indicada por mim foi o chefe nacional do DNER, o Maurício (Hasenclever), e nunca pedi nada a ele. O cargo do DNER aqui em Minas é sem importância. Nesse caso, foi a bancada que indicou. Isso (a polêmica) é coisa do governador (Eduardo Azeredo, do PSDB).
Folha - Mas o pai de Menicucci foi seu secretário de Estado, e a empresa dele fez obras importantes na sua primeira gestão como prefeito de Contagem. Vocês se conhecem há pelo menos 20 anos.
Cardoso - Foram mais de 20 as empresas que participaram das obras aqui em Contagem, e não apenas a dele.
Folha - O que o sr. acha das acusações do PSDB de que a indicação vai servir para fazer caixa de campanha do senhor?
Cardoso - Um absurdo. Por que não usar o DNER nacional e usar o órgão aqui? O pessoal tem que parar com esse negócio de fazer política pequena. Essas coisas são levantadas para discutir o nada, para encobrir a crise em Minas.
Folha - O sr. conhece o diretor?
Cardoso - Conheço, ele é competente. O anterior (Almir Calmont, que havia sido indicado pelo PSDB) havia devolvido ao governo federal R$ 8 milhões que deixou de aplicar no Estado. Isso está errado. Que ele aplicasse para (agradar) o governador ou até para melhorar as terras dele.
Folha - O que o sr. deduziu da conversa que teve com Itamar Franco? Ele é candidato a quê?
Cardoso - Pelo que eu deduzi, ele pretende ser candidato a presidente da República.
Folha - E se ele quiser ser candidato ao governo de Minas?
Cardoso - Claro. Eu o convidei várias vezes aqui mesmo na minha sala. E ele declinou do convite. Acho que falta ao Itamar Franco o contato direto com as bases, com os prefeitos. Ele tem muito contato nacional, isso ele tem.
Folha - O senhor será candidato?
Cardoso - Não, mas o PMDB vai ter um candidato forte.
Folha - Não será o senhor?
Cardoso - Não sei, isso não posso garantir.

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