São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Gasto com pagamento de juros aumenta o déficit operacional

Resultado nominal, porém, apresenta melhoras

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O aumento dos gastos com pagamento de juros reais provocou o crescimento do déficit operacional (que exclui os custos da correção monetária) das finanças públicas em maio.
O resultado passou de 3,39% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas produzidas no país), em abril, para 3,47% em maio. O déficit foi de R$ 28,55 bilhões. Só de juros, o governo gastou R$ 29,23 bilhões, a maior parcela já paga neste ano.
No resultado nominal, que inclui os gastos com correção monetária, as finanças melhoraram. O déficit caiu de 5,67% do PIB para 5,53%. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, disse que a meta é chegar a um déficit de 5% até o final do ano.
Esse resultado reflete as contas dos governos federal, estadual e municipal, BC e empresas estatais.
Em 95, o resultado ficou negativo em 7,05% e, em 96, foi um pouco melhor, 6,08%.
Segundo Lopes, o resultado nominal, em uma economia estável, mostra melhor os recursos que o governo deve ter para pagar suas contas.
O superávit primário nominal (que exclui o pagamento de juros) foi de 0,08% do PIB, isto é, R$ 682 milhões. Esse percentual está ainda longe da meta proposta pelo governo, de chegar a um resultado positivo de 1,5%. "Nós vamos chegar lá. Ainda há tempo", afirmou o técnico do BC.
13º salário
Em junho, a expectativa é que o resultado nominal seja ainda melhor, em comparação ao mesmo mês de 96. Isso porque o governo federal adiou para julho o pagamento da primeira parcela do 13º salário dos servidores públicos.
A base monetária ampliada, que é a soma do papel-moeda emitido, reservas bancárias, depósitos compulsórios e títulos públicos federais, cresceu 1,2% em junho, chegando a R$ 203,6 bilhões.
Esse resultado ficou abaixo da programação do governo, porque não foi concluída a renegociação das dívidas dos Estados.
É que o BC estimava a emissão de novos títulos públicos com o refinanciamento dos débitos estaduais. Mas, até agora, apenas São Paulo assinou os contratos com o governo federal. A renegociação ainda não foi aprovada pelo plenário do Senado.
O governo contava com uma expansão de até R$ 258,7 bilhões, sendo que o impacto da renegociação das dívidas chegaria a R$ 55 bilhões.
Em junho, o BC vendeu divisas para poder pagar dívidas no exterior. Foram quitados os débitos com o Clube de Paris (US$ 538 milhões) e também foram pagos os euroienes (US$ 728 milhões).
As emissões de títulos privados também apresentaram crescimento. Em junho, o aumento foi de 2,3% em relação a maio. No mês anterior, o crescimento havia sido de 1%.

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