São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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EUA fazem ranking da aviação mundial

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Administração Federal de Aviação (FAA), órgão que controla a aviação nos Estados Unidos, divulgou esta semana o ranking das melhores empresas aéreas da América Latina e Caribe.
A classificação divide as empresas em três categorias: 1 (satisfatória), 2 (condicional) e 3 (insatisfatória), de acordo com o grau de cumprimento das normas de segurança internacionais. O Brasil foi incluído na categoria 1, ao lado da Argentina. Os países dessa categoria têm autorização para operar normalmente nos EUA e requerer maior número de vôos (veja quadro ao lado).
O intuito do relatório, segundo a FAA, é manter a "segurança nos céus". Os países incluídos na última categoria geralmente são proibidos de voar nos EUA.
Na mais recente lista da FAA, 13 dos 30 países da região (cerca de 40%) foram incluídos na categoria 1. Em contraposição, 93% dos países da Europa e 69% dos da Ásia foram classificados na categoria 1.
A FAA não revela os critérios de sua classificação. Mas a associação se certifica de que o órgão que controla a segurança aérea de cada país fiscalize o treinamento e as qualificações dos pilotos, tripulação em terra e mecânicos das empresas de aviação. Também procura certificar-se de que os manuais, licença de operação e registros das empresas estejam atualizados.
A reação de um país a uma classificação pouco satisfatória às vezes revela de onde podem vir os problemas. A Venezuela, que foi classificada na categoria 2, repavimentou a pista principal do aeroporto Simón Bolívar pela primeira vez em 22 anos.
Todos os vôos da empresa Zuliana de Aviación foram suspensos, por não cumprir os procedimentos de segurança.
A Colômbia, também na categoria 2, melhorou seu sistema nacional de sinais de radar. A Bolívia acaba de fazer uma renovação no aeroporto John F. Kennedy, em La Paz, e entregou sua administração a uma empresa norte-americana de serviços de aviação, a Airport Group International.
O programa da FAA está provocando ressentimento na região. Alguns críticos denunciam que os Estados Unidos usam-no para atrair mais negócios para suas empresas e vender mais aviões de fabricação norte-americana.
Abel Enrique Jiménez, diretor da Agência Colombiana de Aviação Civil, admitiu que seu país, como os outros, durante anos ignorou as recomendações da FAA para cumprir as normas internacionais de segurança.
"Muitos de nossos países atravessaram um processo de lento despertar institucional de nossas autoridades de aviação civil, que afetou nossa capacidade de vigilância e controle", disse Jiménez em uma conferência sobre segurança aérea en Cartagena, na Colômbia, em fevereiro.
Entre as deficiências da região está um sistema de radar que cobre somente os aeroportos das cidades grandes e é praticamente inexistente em grandes áreas da floresta amazônica e em cadeias montanhosas.
Algumas frotas têm aviões com muitos anos de uso. Alguns aeroportos têm auxiliares de navegação antiquados.
Os pilotos norte-americanos se queixam de que alguns controladores de tráfico aéreo têm problemas para falar e entender inglês, a linguagem universal da aviação.
Um estudo da Fundação de Segurança na Aviação mostra que a América Latina teve o maior índice de acidentes durante tentativas de aterrissagem (32 acidentes por milhão de vôos) em aviões de todo tipo, entre 1984 e 1993. A média é três vezes maior que a mundial e quase oito vezes maior que a dos Estados Unidos.

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