São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Seleção feminina acomoda um 'hospital'

DA REPORTAGEM LOCAL

A seleção brasileira feminina de vôlei poderia estar acomodada em um hospital.
Seis jogadoras -um time completo- apresentaram contusões sérias nos últimos meses.
Na quinta-feira passada, a atacante Leila submeteu-se a uma cirurgia no ombro esquerdo.
Antes, o mesmo problema atormentara Márcia Fu, operada há 15 dias, e Ana Flávia, em janeiro (veja lista das contundidas abaixo). Nesta quarta-feira será a vez de Rosângela, do MRV/Suggar, ser operada do joelho esquerdo.
"Todo mundo pediu descanso para as jogadoras de seleção. Deixei de convocá-las este ano. Elas descansaram? Não. Continuaram jogando sem parar quando foram para os clubes", afirma o técnico da seleção, Bernardo Rezende, referindo-se aos casos de Márcia Fu, Ana Flávia e Ana Paula.
Em agosto, a seleção se reúne em Curitiba para os treinos visando o Sul-Americano, em setembro. Em outubro, será a vez do classificatório para o Mundial.
Leila é desfalque. Hilma, 24, outra titular da equipe, ainda pode sofrer cirurgia no ombro.
As lesões de ombro, joelho e tornozelo são típicas do vôlei. No caso das "selecionáveis", o problema tem origem naquilo que os médicos denominam lesão por over-use (excesso de uso).
"É impossível disputar um torneio no Japão, por exemplo, e depois passar uma borracha como se nada tivesse acontecido", diz o médico Sérgio Augusto Xavier.
Ex-médico da seleção brasileira de ouro em Barcelona-92, é responsável pelo tratamento de Ana Paula e Márcia Fu.
Colaboram para o crescente número de contusões, de acordo com os médicos, fatores que vão desde a quantidade e tempo das partidas até a forma dos treinos.
"As coisas não são independentes. Se o atleta faz trabalho de musculação para os ombros, não pode depois dar 20, 30 saques. Os técnicos não atentam para isso", diz o médico Júlio Nardelli.
Calendário
O técnico Bernardinho afirma que um maior entrosamento entre clubes e seleção poderia ajudar a solucionar alguns problemas.
"Não acho que o Campeonato Paulista ou outros torneios sejam os vilões. Só que os clubes vão com muita sede ao pote. Temos que nos adaptar ao calendário internacional. Todo mundo faz isso."
Hoje, o campeonato regional mais importante, o Paulista, tem quase cinco meses de duração. A Liga Nacional, outros cinco. Sobram dois meses para férias e competições internacionais.
"De quatro a cinco meses é o tempo que considero ideal para os patrocinadores e para os próprios atletas", diz Renato Pêra, presidente da Federação Paulista.

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