São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Brasil está fora da disputa internacional

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O Festival de Cinema de Gramado (RS) celebra sua 25º edição, entre os dias 8 e 16 de agosto próximo, ainda à procura de um novo eixo, depois da internacionalização forçada pela crise pós-Embrafilme.
Mantém-se a classificação "cinema latino", mas a competição internacional torna-se ibero-americana e exclui concorrentes brasileiros, reunidos numa disputa específica.
A mostra competitiva de longas brasileiros parece aquém das expectativas.
"Os festivais, e Gramado inclusive, perderam o 'punch', reconhece o coordenador da comissão executiva, Esdras Rubim.
"Está todo mundo muito fragilizado", diz, matizando com realismo a precoce euforia com o "renascimento" da produção nacional.
Três títulos devem concentrar as atenções. "For All - O Trampolim da Vitória", de Luís Carlos Lacerda e Buza Ferraz, reconstitui com impacto visual o convívio entre brasileiros e americanos na base dos EUA em Natal (Rio Grande do Norte) durante a Segunda Guerra Mundial.
"Os Matadores", um policial passado na fronteira entre Brasil e Paraguai, marca a esperada estréia do premiado "curta-metragista" Beto Brant ("Dove Meneghetti") no longa.
Já Djalma Limongi Batista ("Asa Branca") apresenta uma visão poética de um gigante da literatura em "Bocage -O Triunfo do Amor", que encerrou o recente festival de Fortaleza.
Dois dos outros concorrentes, "O Homem Nu" de Hugo Carvana e "Buena Sorte" de Tânia Lamarca, são obras empenhadas sobretudo num diálogo com o mercado que já iniciaram suas carreiras comerciais.
Por fim, "O Amor Está No Ar" é uma obra póstuma de Hamilton de Almeida.
Dois dos principais lançamentos deste segundo semestre preferiram não participar do evento gaúcho. Nada mais natural é a decisão de "A Ostra e o Vento", de Walter Lima Jr., que foi selecionado para a competição de Veneza-97.
Já a superprodução "Canudos", de Sérgio Rezende, considerou inoportuna a exibição em Gramado a dois meses da estréia nacional, no início de outubro, segundo Rubim.
A competição de Gramado tampouco vai registrar o raríssimo lançamento de dois longas-metragens gaúchos num mesmo ano. "Anahy de las Missiones", do cineasta Sérgio Silva, ainda não ficou pronto.
Trabalha-se com a remota possibilidade de exibi-lo fora de concurso na sessão de encerramento.
Já "Lua de Outubro", de Henrique de Freitas Lima, tampouco concorre aos Kikitos (o prêmio do festival), sendo apresentado como filme de abertura.
Dez títulos participam da disputa ibero-americana. O peruano "Bajo La Piel", de Francisco Lombardi, e o colombiano "Illona Llega Com La Lluvia", de Sergio Cabrera, deserbarcam na serra gaúcha precedidos pelas reputações mais fortes.
Curiosamente, dois dos concorrentes são documentários: "Yo Soy - Del Son a La Salsa", produção cubano-americana que valeu a Rigoberto López a vitória na categoria em Havana-96, e o mexicano "La Linea Paterna", de Jose Buil e Marisa Sistach.
Oito títulos estrangeiros e seis brasileiros serão exibidos fora de concurso.
Um ciclo especial vai destacar a "comédia popular brasileira". As principais homenagens serão feitas ao cubano Alfredo Guevara, diretor do Icaic (a "Embrafilme" de Fidel Castro), e ao veterano ator José Lewgoy.

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