São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Tunga joga seu canto de sereia na M. Officer

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A arte vai lançar hoje sua rede no mar da moda, com a apresentação de uma "instauração" do artista plástico Tunga na abertura do desfile da grife M. Officer, a partir das 19h30, no pavilhão Manoel da Nóbrega, no parque Ibirapuera.
Tunga não sai, porém, sozinho na empreitada, mas em companhia do videomaker Arthur Omar, que registrará o evento. Este não é o primeiro trabalho conjunto de Arthur Omar e Tunga, que realizaram, há dez anos, "Nervo de Prata", vídeo sobre a obra do artista. Comparece ainda o músico Arto Lindsay, que realizou a trilha sonora do evento.
O artista plástico sabe que as mesmas correntes que atravessam o mar da arte também passam pelo mar da moda, mas acredita que essa intercomunicação não corre o risco de gerar peixes ruins, mas apenas sereias, que jogarão seu canto hoje para os espectadores.
Este é o segundo trabalho que Tunga desenvolve com a M. Officer. O primeiro aconteceu em fevereiro, para a coleção anterior.
"A partir daquela experiência, a M. Officer se adiantou e procurou tecidos e padronagens que tivessem relações com essa gramática do meu trabalho", disse Tunga, referindo-se ao fato de a grife ter desenvolvido modelos com um tipo de "tecido líquido", que remetem a esse trabalho de Tunga.
A grife, aliás, parece bem animada com a arte e tem usado a frase "A arte vai salvar o mundo" em seu material de divulgação.
"Essa instauração surgiu a partir de uma evolução daquele desfile anterior, quando descobri que a moça despia-se dos ossos para se transformar em sereia. Então surgiu essa idéia de se retomar os seres míticos e mostrar que era possível, em laboratório, reproduzi-los. Vejo essa instauração como uma experiência de laboratório, uma experiência que não têm possibilidade de erro", disse Tunga.
"Esse trabalho se multiplica. Você pega mulher, pega peixe e tudo cabe no mesmo espaço. É como uma equação, que possui um X que não pode ser revelado e que por isso não se resolve. Ela apenas se desdobra e por isso sempre dá certo", disse Omar, sem se preocupar com o fato que, de tão fina, a rede da arte pode tanto envolver o espectador quanto rasgar-se.

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