São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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França aumenta impostos de empresas

MARTA AVANCINI
DE PARIS

Um aumento dos impostos pagos pelas grandes empresas foi a principal medida anunciada ontem pelo ministro das Finanças da França, Dominique Strauss-Kahn, para reduzir o déficit público sem desestimular o crescimento econômico e a geração de empregos.
A medida foi anunciada com base no resultado da auditoria das contas do governo, que revelou uma expectativa de déficit entre 3,5% e 3,7% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano. O resultado já era esperado.
A auditoria foi realizada por dois magistrados independentes, a pedido do socialista Lionel Jospin, quando assumiu o cargo de premiê, há cerca de 50 dias.
A redução do déficit é necessária para que a França se aproxime das condições do Tratado de Maastricht, que estabelece as regras para a unificação monetária européia, a partir de 1999. Uma das metas do documento é déficit público de no máximo 3% neste ano.
"Vamos construir o euro como tem de ser feito, taxando os ganhos de capital, não os de trabalho", disse Strauss-Kahn.
O plano do governo prevê aumento de 15% na alíquota do Imposto de Renda das empresas. A medida atinge somente as que realizam negócios superiores a 50 milhões de francos (US$ 8,3 milhões, aproximadamente) ao ano.
A medida não atinge, portanto, as pequenas e médias empresas. Estas representam cerca de 80% do empresariado francês e são as principais geradoras de emprego.
Com o aumento, a alíquota do imposto vai chegar a 41,6%. O aumento vai vigorar em 97 e 98.
Cidadãos poupados
Também foi descartado aumento de impostos sobre as pessoas físicas. Isso, na avaliação do governo, iria impedir a retomada do crescimento econômico do país, por desestimular o consumo.
Além de taxar as grandes empresas, o governo prevê realizar economias da ordem de 10 bilhões de francos (US$ 1,6 bilhão), dos quais 2 bilhões (US$ 333 milhões) resultarão de cortes do orçamento do Ministério da Defesa.
No total, o governo espera arrecadar 32 bilhões de francos (US$ 5,4 bilhões) e reduzir o déficit público em 0,4 ponto percentual.
Ou seja, mesmo que as medidas tenham o efeito desejado, a França fecharia o ano de 97 fora dos critérios de Maastricht, com déficit entre 3,1% e 3,3% do PIB. Os países que vão participar da moeda única serão escolhidos entre abril e maio do próximo ano.
O plano foi visto com reserva pelo ministro das Finanças da Alemanha, Theo Waigel, principal defensor do cumprimento rigoroso da meta de 3%.
"A França faz o possível para respeitar os critérios", disse após ter conversado com Strauss-Kahn por telefone. A própria Alemanha não deve chegar aos 3% -as estimativas são de que o país feche 97 com um déficit entre 3,1% e 3,2% do PIB.

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