São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 1997
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Acidente na Dutra mata 14 e fere 35

MARCILIO KIMURA

MARCILIO KIMURA; RENATA RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Todos os mortos estavam em dois ônibus intermunicipais; batida envolveu ainda um carro e um caminhão

RENATA RODRIGUES
Um acidente envolvendo quatro veículos deixou 14 mortos e 35 pessoas feridas na rodovia Presidente Dutra, km 166,5, em São João de Meriti (Baixada Fluminense, a 20 km ao norte do Rio). O acidente ocorreu às 22h25 de anteontem.
Dois ônibus intermunicipais, um carro e um caminhão se chocaram na pista sentido São Paulo. Chovia fraco no momento e a pista estava molhada.
A rodovia ficou totalmente interditada até as 4h de ontem. O congestionamento causado pelo acidente chegou a atingir 6 km.
Todas as pessoas que morreram estavam nos ônibus, ambos da empresa Caravelle, que iam da estação Central do Brasil (centro do Rio) para Belford Roxo (26 km ao norte do Rio).
O caminhão Scania, placas DD 1532, da Rameda Transportes, de Castelo (ES), bateu na traseira do Monza preto placas BGB 2005, conduzido por Gilson de Souza Leite.
Atrás, vinham os dois ônibus, que bateram no caminhão. Um deles entrou cerca de dois metros dentro da carroceria do caminhão. Segundo o depoimento de uma das vítimas, os motoristas dos dois ônibus estavam apostando corrida (leia texto nesta página).
No boletim de ocorrência encaminhado para a 64ª Delegacia de Polícia, em São João do Meriti, o caminhoneiro Osvaldo Piassola relatou que um outro caminhão, desgovernado, teria "fechado" o carro.
O outro caminhão, no entanto, não parou para dar socorro e sua placa não foi anotada.
As conclusões do inquérito policial dependem dos laudos do IML (Instituto Médico Legal) e da perícia técnica, que não devem ser entregues ao delegado antes da semana que vem.
Vítimas
O auxiliar de produção de uma fábrica de sabão, Daniel Souza Santos, 29, é um dos sobreviventes em situação mais grave.
Prensado entre as ferragens e várias pessoas que caíram em cima dele, Santos teve traumatismo raquimedular (lesão na medula) e está paraplégico.
"Ouvi um barulho muito grande, da batida com o caminhão. Uma porção de pessoas caiu em cima de mim", disse.
O socorro demorou cerca de 30 minutos. "Fiquei jogado no canto, tomando chuva, sem conseguir me mexer", afirmou.
Santos foi encaminhado ao Hospital Geral de Nova Iguaçu, junto com outras 15 pessoas. Wagner dos Santos, 16, e uma mulher negra, aparentando 30 anos, acabaram morrendo no hospital.
'Gente voando'
Outro passageiro, Antonio Bezerra Filho, 47, teve a perna direita quebrada em dois lugares. Balconista de uma confeitaria, ele ficou preso nas ferragens.
"Eram vidro e gente voando para todos os lados", contou Bezerra, que estava sentado na quarta fileira atrás do motorista.
O Hospital Getúlio Vargas (zona norte) recebeu 17 vítimas. Outras quatro foram atendidas no Souza Aguiar (centro) e uma no Miguel Couto (zona sul).

LEIA sobre acidente que parou a Castelo Branco (SP) na pág. 5

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