São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 1997
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Entenda a crise dos transportes

DA REPORTAGEM LOCAL

A crise entre as empresas de ônibus e a Prefeitura de São Paulo vem se arrastando há pelo menos seis meses. As empresas dizem que recebem pouco da prefeitura e com atraso. A prefeitura nega.
Pelo fato de o custo por passageiro transportado nem sempre equivaler ao valor da tarifa e por causa dos vales-transporte e passes escolares (subsidiados pelo município), prefeitura e empresários fazem um acerto mensal para chegar à remuneração das empresas.
Para chegar a esse acerto, o número de passageiros transportados é multiplicado por um valor que a prefeitura estabelece como o custo real. Desse total são descontados os valores pagos na catraca.
Até junho, antes do aumento, a prefeitura pagava R$ 0,85 por passageiro transportado (a tarifa era de R$ 0,80).
Quando o preço da passagem passou para R$ 0,90, a prefeitura manteve o valor de R$ 0,85.
Segundo o presidente da Transurb (sindicato das empresas), Maurício Lourenço da Cunha, o problema básico é que a própria prefeitura havia reconhecido que o custo por passageiro estava em R$ 0,98.
"O problema é que a SPTrans constatou que cada passageiro passou a custar R$ 0,98, mas cobra R$ 0,90 e nos repassa só R$ 0,85", aponta o presidente da Transurb.
O secretário dos Transportes, Carlos de Souza Toledo, alega que "os R$ 0,98 são um valor teórico, irreal". A secretaria afirma que a secretaria aceita pagar até R$ 0,90, o que considera o custo real por passageiro transportado.
As empresas afirmam ter um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas que teria constatado um custo real de R% 1,17.
Menos passageiros
As empresas alegam que o custo por passageiro subiu, entre outros motivos, porque a média de passageiros transportados por ônibus em São Paulo vem caindo muito.
Em junho do ano passado, foram transportados 146,2 milhões de passageiros. Neste ano, no mesmo período, o número caiu para 134,2 milhões.
A Secretaria dos Transportes resume a crise do ônibus em São Paulo numa constatação polêmica: "As empresas recebiam valores acima do custo real por passageiro", garante Toledo.
Segundo o presidente da Transurb, se esse argumento for verídico, estará comprovado um crime de responsabilidade da prefeitura.

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