São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 1997
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Passeata de camelôs fecha a Paulista

DA REPORTAGEM LOCAL; DA FT

Cerca de 150 camelôs que trabalham nas calçadas da avenida Paulista interromperam ontem o tráfego na via, causando 2 km de congestionamento só na avenida e contribuindo para a segunda maior lentidão matutina do mês na cidade -38 km, apesar do rodízio e das férias.
Motivo da confusão: a operação montada pela Prefeitura de São Paulo para retirar os ambulantes da avenida e desobstruir a passagem nas calçadas.
E, como a operação continua, os ambulantes prometem: o protesto será repetido hoje, a partir das 10h.
A operação já tinha começado na noite de anteontem, sem incidentes e com a retirada de 15 pessoas, enviadas para albergues.
Mas, ontem, às 9h55, cerca de 150 camelôs invadiram a pista centro-bairro da avenida, fechando o trânsito até as 11h30.
Os manifestantes gritavam "queremos trabalhar, não gostamos de roubar" e carregavam cartazes com esses dizeres e outros contra o prefeito Celso Pitta.
A passeata começou perto da esquina da Paulista com a alameda Casa Branca. Bastante desorganizados, os camelôs diziam que pretendiam seguir até a sede da Administração Regional da Sé, localizada na avenida do Estado.
Ao chegar à esquina com a rua Teixeira da Silva, depois de algumas discussões, os ambulantes decidiram voltar pela pista contrária.
A partir daí, o CPTran (Comando de Policiamento de Trânsito) começou a escoltar os camelôs. "Estamos aqui para proteger vocês", chegou a dizer um policial, que não se identificou.
A pedido dos policiais, os manifestantes liberaram uma pista da Paulista.
A passeata seguiu até a esquina com a rua Bela Cintra. Os camelôs, sem saber ao certo para onde rumar -prefeitura ou administração regional-, resolveram retornar mais uma vez pela Paulista.
Motivos
O protesto terminou às 11h30, em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo). "Não queremos confusão, mas não vamos abandonar nosso sustento", afirmou Ana Cláudia Gomes, 27, que está no sétimo mês de gestação e diz trabalhar há oito anos na Paulista.
Durante o protesto, os ambulantes tentaram agredir um fiscal da prefeitura que estaria armado e teria feito ameaças. O fiscal subiu em um caminhão da prefeitura e conseguiu fugir.
Os manifestantes acreditam que, parando a Paulista, vão conseguir chamar a atenção e têm a esperança de, com isso, poder voltar à avenida. "Vamos retomar os protestos amanhã (hoje). Temos que dar comida para os nossos filhos", disse Marcos Gonçalves, diretor de um dos sindicatos que representam os camelôs.

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