São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 1997
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Ataque de saudosismo faz colunista bater pino

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Quando não está buscando a fórmula secreta da graxa que lubrifica as engrenagens da politicalha tapuia, o jornalista Fernando Rodrigues é um rapaz muito do bem-humorado. Sabia não? Pois de seu repertório de canções para serem cantadas com ironia no meio da Redação consta aquela música do Neil Young que diz assim: "Hey, hey/My, my/Rock and roll will never die" (o rock nunca vai morrer).
Mas, para a alegria do Neil, do Crosby, Stills, Nash and Young, Fernando Rodrigues está proibido, ao menos temporariamente, de cantarolar sua "profética" música.
As razões? Ainda não ouvi, mas já gostei do disco "OK Computer", do grupo inglês Radiohead, que a revista "Rolling Stone" acaba de classificar como "excelente". Qualquer disco lançado em 1997 que "tem a sofisticação dos arranjos do King Crimson" (Celso Masson, em "Veja") merece uma queima de fogos -com rojões apontados para a janela da Sheryl Crow.
Mas você aí, ó viúva de John Lennon, tem outras razões para celebrar além do Radiohead e do fato de que Paul McCartney acaba de lançar "Flaming Pie", o primeiro disco que presta desde "Ebony and Ivory". Essa outra razão atende pelo nome de Jakob Dylan, líder do The Wallflowers.
Você já deve ter ouvido faixas de seu "Bringing Down the Horse" nas FMs. O sujeito tem uma voz assim, meio Jackson Browne, meio Steve Miller, e, se sobrasse outra metade, diria que ela é a cara do Bruce Springsteen. E toca uma guitarra que "chora suavemente" como a de Lennon nunca chorou. A bateria do Wallflowers é porreta, bem pré-Pink Floyd. E os arranjos são saídos de alguma garagem do tempo em que os teclados da Casio não eram vendidos em free-shop.
Você está de joelhos, ó órfão do Faces? Pois então caia de quatro: Jakob Dylan é filho do homem -ele mesmo, Mr. Robert Zimmerman, nosso Bob Dylan. E ainda vem embalado num rostinho com olhos de Elizabeth Taylor e lábios de Jagger. Quer mais? Ele é daqueles revoltados que fizeram tudo sozinhos. Até entrar no estúdio de gravação, seus companheiros de banda nem sabiam quem ele era. Canta, Neil Young, canta!

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