São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 1997
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'Ostra' sugere brasilidade

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Walter Lima Jr. recusa, com certa razão, a diferença que se faz entre filme brasileiro e outros filmes, como se fossem duas coisas diferentes, talvez opostas.
Com efeito, não existe uma linguagem nacional do cinema, e um close-up é um close-up no Paquistão, em Berlim ou Hollywood.
Ao mesmo tempo, no entanto, os filmes vão deixando sinais quase imperceptíveis de sua origem. Mesmo no caso de "A Ostra e o Vento", este filme que se passa numa ilha e conta a história de um faroleiro (Lima Duarte) que tenta impedir sua filha, Marcela (Leandra Leal), de conhecer o mundo, apesar dos apelos de um dos raros amigos da família (Fernando Torres).
Desde o sentimento de posse -exacerbado até a tragédia- até o elo dos personagens com a natureza, sente-se a nacionalidade brasileira carimbada no passaporte do filme.
O delicado fantástico que invade o longa (Marcela fantasia o vento como seu amante) é brasileiro, embora o talento para nos fazer crer nisso seja pessoal.
É justo que Walter Lima queira ser julgado pelo que faz, e não pela nacionalidade que tem. O belíssimo plano inicial -a ilha iluminada pela luz do farol-, por exemplo, é obra de puro cinema.
Outros aspectos, nem tanto. É improvável que os atores -em especial Fernando Torres, em interpretação assombrosa- atingissem as intensidades que atingem se fossem estrangeiros.
(IA)

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