São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 1997
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Suíços divulgam hoje contas inativas

LOUISE JURY
DO "THE INDEPENDENT"

Os nomes dos titulares de milhares de contas inativas em bancos suíços serão divulgados no mundo todo hoje, em resposta a críticas internacionais quanto ao tratamento dado pelos bancos aos sobreviventes do Holocausto.
A iniciativa representa uma tentativa tardia da Associação dos Banqueiros Suíços de limpar sua reputação, maculada por alegações de que os bancos puseram obstáculos às tentativas feitas pelos sobreviventes e seus familiares de recuperar seu patrimônio, após a Segunda Guerra Mundial.
Páginas de nomes de titulares serão publicadas nos jornais de 28 países, incluindo o Reino Unido, os EUA, Alemanha, Israel, Austrália e a ex-União Soviética. Ao mesmo tempo, estarão na Internet (http://www.dormantaccounts.ch).
Quem reconhecer um nome será solicitado a entrar em contato com os bancos, por meio de um número de telefone de ligação gratuita.
Jeffrey Taufield, do escritório nova-iorquino de relações públicas Kekst & Company, que representa a associação dos bancos, disse que a iniciativa representa "um exemplo real do compromisso suíço em fazer o que precisa ser feito com responsabilidade e honra".
"Estamos literalmente acenando para todos os cantos do mundo, numa tentativa de identificar vítimas do Holocausto e seus herdeiros", disse ele.
A lista cobre todas as contas inativas desde o término da Segunda Guerra e que foram abertas por não-suíços antes de 1945. Em outubro será divulgada uma segunda lista de contas inativas, também abertas antes de 1945, por suíços que podem ter atuado como procuradores de judeus europeus e outras pessoas ameaçadas pelos nazistas, para ajudá-los a esconder seu patrimônio.
Greville Janner, presidente do Fundo Educacional do Holocausto, disse que muitos dos titulares já devem estar mortos, mas que seus herdeiros terão a chance de recuperar as heranças familiares.
"Há mais de um ano vimos implorando às autoridades suíças que divulguem os nomes. Sua iniciativa atual contrasta com os obstáculos aos refugiados necessitados que abordaram os bancos imediatamente após a guerra, em busca de seu dinheiro. Se os bancos tivessem feito uma busca séria pelos titulares naquela época, teriam poupado milhares de pessoas de anos de sofrimento."
O Fundo Educacional do Holocausto abriu uma linha telefônica (00-44-171-222-5115) para atender às pessoas que quiserem conselhos. Hoje, vai ajudar algumas famílias de vítimas do Holocausto a examinar as listas.
O dinheiro que não for reclamado em um ano deverá ser distribuído a organizações judaicas, para fins assistenciais.

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