São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
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Saúde de Castro e laudo atrasam apuração

ROGERIO SCHLEGEL
CRISPIM ALVES

ROGERIO SCHLEGEL; CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Professor voltou a respirar com aparelhos; laudo do CTA deveria estar pronto no início desta semana

A piora no estado de saúde do professor Leonardo Teodoro de Castro e a demora para conclusão do laudo do CTA (Centro Técnico da Aeronáutica) estão atrasando as investigações sobre a explosão de bomba no vôo 283 da TAM.
Castro, que foi atropelado no dia 12, havia sido liberado do respirador artificial na terça-feira. Às 18h de quarta teve de voltar a ter ajuda do aparelho. Ele continua na UTI do Hospital São Paulo e seu estado era grave ontem à noite.
O professor é o principal suspeito da Polícia Federal, que admite não ter provas concretas contra ele. Castro já foi ouvido duas vezes pela PF, mas quando ainda não havia a convicção de que foi uma bomba o que explodiu no avião.
A assessoria de imprensa do DAC (Departamento de Aviação Civil), órgão da Aeronáutica, confirmou ontem que as análises do CTA na fuselagem do Fokker-100 estão realmente atrasadas.
A PF diz que a parte pericial é fundamental para a investigação, até agora baseada em depoimentos e apreensões.
Saúde crítica
O professor Leonardo de Castro, 59, vinha se recuperando bem de lesão semelhante a um hematoma em seus pulmões -que atinge entre 50% e 70% do órgão-, causada pelo choque no atropelamento.
Às 18h de anteontem, ele apresentou estafa respiratória. Tinha dificuldade de respirar que fazia com que ficasse ofegante, um sinal de que seus pulmões não estavam dando conta de processar oxigênio suficiente para o organismo.
Foi preciso ligá-lo novamente ao respirador artificial. "O caso é grave. Sua recuperação agora ficou mais difícil do que era antes", disse ontem José Osmar Medina, diretor do Hospital São Paulo.
Atraso negado
Um oficial do CTA ouvido ontem pela Folha nega que exista atraso nos estudos do órgão.
Alegando sigilo, o oficial se negou a detalhar quais são as análises feitas pela Aeronáutica. Apesar disso, afirmou que a conclusão deve ser a mesma obtida pelo IC (Instituto de Criminalística), da Polícia Civil de São Paulo: explosão provocada por uma bomba.
"Tudo indica que sim." Ele também sinalizou que o material encaminhado recentemente para análises pela PF está relacionado com essa tese. O CTA, que averigua o que sobrou da poltrona 18D (epicentro da explosão), ainda não conseguiu determinar exatamente onde estaria localizada a bomba.

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