São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
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Pitta sai de casa antes do protesto

Grupo leva frango frito e duas galinhas vivas

DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Celso Pitta, alvo das manifestações de ontem dos camelôs por ter determinado o fim do comércio ambulante na avenida Paulista, não sentiu o cheiro do frango frito levado pelos manifestantes.
Ele saiu de casa às 6h45, para correr perto do Jóquei Clube, na zona sudoeste de São Paulo, quando apenas dez manifestantes estavam em frente ao prédio onde mora o prefeito, na alameda Franca, nos Jardins (zona sudoeste de São Paulo).
Apenas cinco minutos depois chegou o carro de som dos camelôs, cedido pelo Sindicato dos Condutores de Ônibus de São Paulo, filiado à CUT, que apóia os camelôs.
No carro de som, os camelôs transportaram os cerca de 20 kg de frango frito, duas galinhas vivas, panfletos e os demais manifestantes -40 ao todo.
Às 6h50, os manifestantes anunciaram que ficariam no local de qualquer forma, pois a mulher do prefeito, Nicéa, estaria em casa.
Os frangos seriam uma alusão às denúncias de vendas irregulares de frangos feitas por uma empresa em que a mulher de Pitta trabalhou em 96.
Um tumulto quase se estabeleceu quando o camelô José Ricardo Teixeira da Silva, do sindicato dos trabalhadores no mercado informal, tentou pendurar uma das galinhas levadas vivas numa árvore em frente ao prédio de Pitta.
O inspetor da Guarda Civil Metropolitana (GCM) Carlos Eduardo Padilha, que comandava o efetivo de 30 guardas que guardavam a porta do prefeito, retirou a ave do galho.
"Não estou tentando criar confronto, mas isto é maltrato contra o animal, que é contra a lei, e seria obrigado a dar voz de prisão, caso não recuassem."
As galinhas foram levadas para o alto do carro de som, de onde os manifestantes protestaram sob os olhares curiosos dos vizinhos de Pitta, não acostumados com barulho tão cedo.
Uma fã do prefeito, moradora do prédio de Pitta, exibia uma camiseta da campanha para prefeito da janela de sua casa e foi vaiada pelos manifestantes.
Às 7h30, frustrados, os camelôs decidiram voltar ao vão do Masp, onde iniciaram a sua concentração, às 5h30 de ontem.
Pitta retornou de seu exercício matinal às 8h15 e não cruzou com os manifestantes. Ele mandou avisar que não daria entrevistas sobre o protesto.
Marcos Antonio Maldonado, líder informal dos camelôs da Paulista, reiterou que os camelôs vão armar suas barracas na avenida hoje "na marra", a partir das 10h. "A essa altura, os sem-terra já vão estar lá e eu duvido que os guardas do Pitta, sozinhos, vão mexer com a gente."

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