São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
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Perícia reforça suspeita de atentado

FERNANDO GODINHO
DE BUENOS AIRES

Substâncias químicas utilizadas na fabricação de balas para armas de fogo foram encontradas no restos do helicóptero pilotado por Carlos Menem Júnior, que morreu em 15 de março de 1995 após sua aeronave cair na localidade de Ramallo (a cerca de 300 quilômetros da cidade de Buenos Aires).
Os peritos da Gendarmería Nacional (uma polícia especial ligada ao Ministério do Interior) também encontraram dois buracos no material analisado que podem ter sido provocados por tiros. A perícia da Gendarmería foi concluída ontem.
Para a Força Aérea Argentina, o filho do presidente Carlos Menem foi vítima de um acidente: seu helicóptero caiu após se chocar com fios de alta tensão.
Para mãe de "Carlitos" e ex-mulher de Menem, Zulema Yoma, o helicóptero caiu após ser atingido por disparos de armas de fogo.
Sucata
O juiz responsável pelo caso, Carlos Villafuerte Ruzo, confirmou ontem a presença de zinco, chumbo, antimônio e cobre nos restos do helicóptero -apenas 30% foram analisados, pois o restante foi vendido como sucata.
Mas ele disse que a perícia não concluiu que os buracos encontrados foram produzidos por disparos de armas de fogo -o que reforçaria a tese de um atentado.
Empresa
Atendendo a uma solicitação dos advogados de Menem, Ruzo solicitou à empresa norte-americana Bell (fabricante do helicóptero) um relatório para saber se essas substâncias químicas são utilizadas nos componentes da aeronave.
"É preciso ter cuidado ao determinar conexões nessa causa", disse o juiz na tarde de ontem, após receber as 150 folhas da perícia.
Os três peritos contratados por Zulema Yoma para acompanhar o trabalho da Gendarmería defendem que os dois buracos foram causados por tiros.
Zulema Yoma tem duas versões para justificar a possibilidade de um atentado contra o filho. Ele teria sido morto pelo serviço secreto de Israel como represália aos atentados ocorridos contra a embaixada do país na Argentina (em 1992) e contra a sede da Associação Mutual Israelita-Argentina (em 1994), que mataram 115 pessoas.
A outra versão aponta para um atentado feito por narcotraficantes, pois ela afirma que "Carlitos" teria descoberto uma rede de corrupção e tráfico de drogas sustentada por assessores do presidente Carlos Menem. As duas versões são desconsideradas pelo governo federal.
A Frepaso, uma frente de partidos de oposição ao presidente Menem, quer criar uma comissão no Congresso para acompanhar as investigações do caso.

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