São Paulo, sábado, 26 de julho de 1997
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Policiais alagoanos contrariam líderes e decidem manter greve

ARI CIPOLA
VANDECK SANTIAGO

ARI CIPOLA; VANDECK SANTIAGO; RODRIGO VERGARA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Decisão é tomada apesar do pagamento da primeira parcela dos salários atrasados

RODRIGO VERGARA
As polícias Civil e Militar de Alagoas decidiram ontem em assembléia continuar em greve por tempo indeterminado.
Eles contrariaram, assim, a posição dos líderes de associações da PM, que aprovaram a proposta do comando, de pagamento escalonado dos seis salários atrasados e retorno ao serviço.
A assembléia reuniu cerca de mil policiais militares e 30 a 40 policiais civis, no clube dos sargentos e subtenentes, no bairro do Sobral, litoral sul de Maceió.
Com a decisão, os PMs e os bombeiros, que há 15 dias estão aquartelados, permanecem sem policiar as ruas. Apenas a guarda dos quartéis e a segurança dos presídios estão mantidas.
Nas delegacias, os policiais civis, parados há 13 dias, permanecem sem registrar ocorrências e efetuar prisões, seja qual for a gravidade do crime.
A decisão ocorreu em meio a uma ofensiva do governo estadual para pôr fim à revolta dentro da segurança pública.
A estratégia teve início na quarta-feira, quando os comandantes ameaçaram os aquartelados com prisão e transferência de unidade, e culminou com o pagamento, ontem, da primeira parcela, de 16%, dos salários atrasados.
Devido às pressões, o Batalhão de Policiamento de Trânsito e o Regimento de Cavalaria puseram alguns policiais para trabalhar, desde quinta-feira.
Ontem, somaram-se àqueles o Batalhão de Choque, que montou guarda nas agências da CEF durante o pagamento aos PMs. Muitos policiais chegaram a passar no banco antes de ir à assembléia.
O governo ainda marcou para ontem à tarde a posse do novo comandante da PM, coronel do Exército Juaris Weiss Gonçalves.
O general do Exército José Siqueira da Silva, que assumiu ontem o cargo de secretário da Segurança, por indicação do governo federal, disse que "o momento é de conciliação, e não de punição".
Ele disse que vai adotar a mesma estratégia de trabalho que utilizou nos 42 anos em que serviu ao Exército, que seria "acabar com a greve com a verdade e dissuasão".
O novo comandante da PM, coronel Gonçalves, classificou como "heróis" os poucos PMs que voltaram ao trabalho ontem.
"É normal que eles não estejam trabalhando. O importante é que a minoria começou a trabalhar mesmo sem salário. Eles são heróis."

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