São Paulo, sábado, 26 de julho de 1997
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Camelôs querem demissão de secretário

LUCIANA BENATTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de três dias sem poder montar barracas, cerca de cem camelôs que trabalham na Paulista sem licença voltaram a protestar ontem, pedindo uma audiência com o prefeito e a demissão do secretário das Administrações Regionais, Alfredo Mário Savelli.
A proibição da instalação das barracas teve início na segunda-feira. Desde então, 300 homens da Guarda Civil Metropolitana estão espalhados pela avenida.
As declarações do secretário, que anteontem afirmou que não existe espaço na cidade para as pessoas sem qualificação profissional, irritaram os ambulantes, que afirmam que ele é uma pessoa despreparada para o cargo que ocupa.
Além de Savelli, o presidente da Associação Paulista Viva e um dos controladores do Banco Itaú, Olavo Setubal, também foi alvo dos manifestantes, que o chamavam de "o novo dono da Paulista".
Segundo o líder dos camelôs da Paulista, Marcos Antonio Maldonado, 34, a ofensiva aos ambulantes da avenida teria sido solicitada a Celso Pitta por Setubal.
Os manifestantes começaram a se concentrar no vão livre do Masp por volta das 9h de ontem.
Após a chegada de um carro de som, os camelôs saíram em passeata pela avenida. Entre as 13h30 e as 14h, os ambulantes fizeram um protesto em frente ao Itaú. Gritando palavras de ordem como "Queremos trabalhar", os camelôs ficaram de mãos dadas num abraço simbólico ao banco.
A passeata prosseguiu pela Paulista em direção à Consolação até a rua Haddock Lobo. Lá, os manifestantes fizeram o retorno e seguiram em direção ao Masp.
O trajeto não foi acompanhado pelos policiais do CPTran (Comando de Policiamento de Trânsito, divisão da Polícia Militar que normalmente acompanha passeatas), apesar de 200 policiais do trânsito estarem espalhados pela avenida ontem em função do ato "Abra o Olho, Brasil".
Segundo o coronel Sérgio Guedes Brasil, que estava no comando da operação de trânsito, não foi discriminação aos ambulantes.
Ao passar novamente pelo Masp, os manifestantes receberam bandeiras do PT, com a inscrição "Terra, trabalho e moradia", distribuídas pelos participantes do ato "Abra o Olho, Brasil".
No final, o protesto se misturou ao ato.

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