São Paulo, sábado, 26 de julho de 1997
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Crédito do BNDES à indústria empaca

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Os empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para o setor industrial ficaram estagnados no período de um ano que foi de julho do ano passado a junho deste ano, em comparação com os 12 meses anteriores.
O banco de fomento estatal, principal fonte de financiamento ao setor produtivo brasileiro, emprestou à indústria o equivalente aos mesmos US$ 4,64 bilhões nos dois períodos em comparação.
No total, os empréstimos do BNDES no exercício que se encerrou em junho de 97 atingiram US$ 10,56 bilhões, com um crescimento de 19% em relação ao mesmo período anterior, quando os desembolsos do banco haviam somado US$ 8,85 bilhões.
Infra-estrutura
Por setores financiados pelo BNDES, o maior crescimento foi registrado no de infra-estrutura, um total de 57%. Os empréstimos para esse setor passaram de US$ 2,41 bilhões no período de julho de 95 a junho de 96 para US$ 3,79 bilhões nos 12 meses que se encerraram em junho deste ano.
O presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, e o diretor de Operações Industriais, Eduardo Rath Fingerl, apresentaram uma série de explicações sobre o crescimento zero dos empréstimos à indústria.
Fingerl disse que o número não significa uma estagnação. Segundo ele, o crescimento zero está mais relacionado com a dificuldade de o banco fazer empréstimos às pequenas e médias indústrias por meio da rede bancária, os chamados repasses indiretos.
Desde o início do Plano Real, os bancos credenciados para repassar recursos do BNDES reduziram o grau de interesse nessas operações, consideradas pouco rentáveis para o nível de risco envolvido.
Segundo o diretor do BNDES, nos 12 meses que se encerraram em junho os empréstimos indiretos (via outros bancos) à indústria caíram 25%.
Mendonça de Barros disse que o número da indústria reflete também um momento específico em que a maior parte dos grandes projetos industriais está em fase de aprovação ou em início de desembolso dos empréstimos pelo banco.
Barros disse ainda que o fato de o crescimento dos desembolsos para a infra-estrutura ser maior do que para a indústria é positivo. Significa, na sua interpretação, que o país está se rearrumando, sob a liderança do setor privado e não mais do estatal, para retomar o ciclo de crescimento industrial depois.
Agricultura
O segundo maior crescimento dos empréstimos por setor foi para a agricultura, com alta de 32%. Em valores absolutos, o crescimento foi de US$ 698 milhões para US$ 920 milhões de um ano para outro.
Para o setor de serviços, os empréstimos cresceram 11%, passando de US$ 1,1 bilhão para US$ 1,21 bilhão.
Por região do país, o maior crescimento no período de um ano encerrado em junho foi da região Norte, com 112% (de US$ 147 milhões para US$ 311 milhões). O menor crescimento foi o do Sudeste, com 3%.
Em números absolutos, o Sudeste recebeu praticamente a metade dos empréstimos, US$ 5,24 bilhões, seguido da região Sul, com US$ 2,9 bilhões.
Na opinião de Mendonça de Barros, o pequeno crescimento dos financiamentos no Sudeste demonstra a desconcentração dos investimentos no país.

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