São Paulo, sábado, 26 de julho de 1997
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Abras declara "guerra" às cooperativas

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os supermercadistas decidiram solicitar ao governo uma avaliação detalhada da operação das cooperativas, que conseguem vender produtos com preços até 24% mais baixos do que os deles.
Isentas do pagamento de impostos federais, as cooperativas representam apenas 1,4% do faturamento do setor supermercadista no país, mas incomodam as redes, porque, onde estão instaladas, inibem a concorrência.
A Abras (Associação Brasileira dos Supermercados) acaba de pedir à Secretaria de Direito Econômico, ligada ao Ministério da Justiça, uma reavaliação da operação das cooperativas.
"Pelo que estamos vendo, as cooperativas estão operando como supermercados e hipermercados, só que elas não pagam todos os impostos", diz Paulo Afonso Feijó, presidente da Abras.
Para ele, a cooperativa tem de ser restrita aos funcionários de uma empresa, por exemplo, e não estar aberta a qualquer consumidor, como ocorre atualmente.
"Isso é concorrência desleal", diz Feijó. Segundo ele, os supermercados pagam, em média, entre 13% e 15% de impostos sobre a venda. "Isso possibilita às cooperativas comercializar com preços mais baixos."
Antonio José Monte, presidente da Coop Cooperhodia, a maior cooperativa do país -ela faturou R$ 417 milhões no ano passado-, diz que, de fato, desde 1976 a cooperativa, que se originou da Rhodia, está aberta também a não-funcionários da Rhodia.
"Só que existe uma lei que autoriza a participação de qualquer pessoa numa cooperativa. Esse movimento dos supermercados se deve ao fato de estarmos incomodando ao vender com preços até 24% mais baixos."
Ele conta que a Coop Cooperhodia está dando saltos de venda. Em 1996, a cooperativa faturou R$ 417 milhões -18,8% a mais do que em 1995 (R$ 351 milhões).
Para este ano, a Cooperhodia prevê venda da ordem de R$ 500 milhões -quase 20% a mais do que a registrada no ano passado.
O lucro líquido da cooperativa, que foi da ordem de 2% sobre o faturamento no ano passado, deve subir para 2,3% neste ano, segundo Monte.
"O lucro vai aumentar porque estamos vendendo mais e os custos fixos estão mantidos." A Cooperhodia tem 11 lojas espalhadas pela regiões do Grande ABC e do Vale do Paraíba.
Para Monte, os supermercadistas consideram as cooperativas "uma pedra no sapato porque somos reguladores de preço".
Ele diz que, do lucro obtido com a operação, parte é distribuída para o associado e parte fica na cooperativa para investimentos em novas lojas e mercadorias.

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