São Paulo, sábado, 26 de julho de 1997 |
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Bancos querem controlar contas nazistas
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS Bancos suíços anunciaram ontem que vão tomar precauções para impedir que nazistas reclamem espólios de origem criminosa.A Associação de Banqueiros Suíços (ABS) divulgou na quarta-feira lista de não-suíços titulares de contas que estavam inativas desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O objetivo é permitir que donos das contas ou descendentes tenham acesso ao dinheiro, avaliado em cerca de US$ 43,7 milhões. A maioria dos quase 2.000 nomes é de judeus que morreram com a perseguição nazista. Grupos judeus afirmaram na quinta-feira que nazistas também faziam parte da lista e solicitaram providências aos bancos suíços para evitar que tivessem acesso às contas. O dinheiro teria sido roubado de judeus durante a guerra. Dúvidas Os bancos suíços ainda não sabem qual o total de recursos nas contas de pessoas que, segundo grupos judeus, seriam da elite do regime chefiado por Adolf Hitler. "Ainda não temos detalhes. Estamos investigando e veremos depois o que faremos", disse a porta-voz da ABS, Silvia Matile. A lista de suspeitos teria sido enviada também à Comissão Federal de Bancos Suíços e ao governo suíço. O Centro Simon Wiesenthal, que procura criminosos nazistas, afirma que a lista inclui pelo menos sete nazistas e dois colaboradores. Israel também afirmou ontem que divulgará, em data ainda não definida, contas e propriedades não-reclamadas que podem totalizar US$ 70 milhões. Depois da Segunda Guerra, terras e contas não-reclamadas foram incorporadas pela então administração britânica e repassados a Israel depois da criação do novo Estado, em 1948. O dinheiro não é só proveniente do período do Holocausto. Há também contas abertas em instituições financeiras da comunidade judaica na região (então sob domínio britânico) entre as décadas de 20 e de 30. Uma porta-voz do governo de Israel, Etty Eshed, disse que ainda não se sabe se a lista inclui palestinos que perderam posses durante conflitos na região. A imprensa israelense não deu grande cobertura à divulgação da lista pelos bancos suíços. Judeus estariam temendo que o tema pudesse parecer apenas uma busca incondicional por dinheiro. O escritor israelense Tom Segev afirmou que a campanha pelas restituições podia provocar uma ligação anti-semita entre judeus e dinheiro. "Muita gente pensa que pode trivializar o Holocausto ", disse Segev. Texto Anterior: Netanyahu promete bloquear nova colônia Índice |
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