São Paulo, domingo, 27 de julho de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Voto eletrônico deve ser adiado para 40 milhões de pessoas
SILVANA DE FREITAS
Correndo contra o tempo, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tenta assegurar a liberação, até 15 de agosto, de R$ 76 milhões, sob pena de não conseguir ampliar o uso das urnas eletrônicas a 70% do eleitorado (72,4 milhões de pessoas). "A partir dessa data, o nosso risco começa a ser bastante grande", afirmou à Folha o secretário de Informática do TSE, Luiz Antônio Raeder, 41. "Dependendo do momento em que esse dinheiro for liberado, será preferível não ampliar a informatização, porque não seria mais possível produzir a infra-estrutura necessária para absorver o voto eletrônico nessa quantidade." As negociações envolvem duas pessoas virtualmente interessadas em um sistema de votação imune à fraude e na apuração mais rápida: o presidente Fernando Henrique Cardoso, que deve concorrer à reeleição, e o ministro Antonio Kandir (Planejamento), que tem plano de disputar vaga na Câmara dos Deputados pelo PSDB. Cinco reuniões com o governo nos últimos dois meses não foram suficientes para pôr fim à indefinição. Em uma delas, os técnicos do TSE afirmaram que, se o uso da urna eletrônica não for ampliado, a campanha do segundo turno pode ficar limitada a cinco dias. Há esse risco, porque a apuração do voto manual é mais lenta, e o intervalo entre o primeiro e o segundo turno foi reduzido de 42 para 21 dias. A totalização dos votos poderá demorar 14 dias, como nas eleições gerais de 1994. Mesmo o uso da urna eletrônica pelos 32 milhões de eleitores que já votaram dessa forma nas eleições municipais de 1996 depende de novos investimentos, ainda não calculados, para adaptar as máquinas e melhorar a apuração. A meta de apuração em quatro dias está atrelada à informatização de 70% dos votos, afirma Luiz Antônio Raeder. A Justiça Eleitoral planeja lançar até final de agosto o edital de licitação pública para compra de pelo menos 147 mil máquinas de votar. Segundo Raeder, são necessários três meses para esse processo, dois meses para ajustes e testes na urna e oito meses para a produção de aproximadamente 20 mil equipamentos por mês. A votação informatizada é apontada como meio eficaz de evitar a fraude. Não há resistências à implantação do novo sistema. Raeder afirma que a dispersão, em 1998, da urna eletrônica pelo interior do país -1.031 municípios com mais de 17 mil eleitores- exige trabalho antecipado de preparação da infra-estrutura. "Não adianta nós produzirmos a urna se não houver tomada para ligá-la", disse. Nas eleições municipais de 1996, o voto informatizado em 78 mil máquinas esteve restrito a 57 municípios (capitais e cidades com mais de 200 mil eleitores). Texto Anterior: O desmanche de tudo que era sólido Próximo Texto: Motorista é morto ao separar briga no centro; Acidente mata duas pessoas em São Paulo; Veleiro naufraga no litoral de São Paulo Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |