São Paulo, domingo, 27 de julho de 1997
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'Globalizados' são os imigrantes dos 90

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DE NOVA YORK

A era da globalização e a maior abertura do Brasil ao exterior provocaram um aumento no número de imigrantes brasileiros legais nos Estados Unidos. O perfil do imigrante dos anos 90 já não é o mesmo dos anos 80.
Ivan Kraiser, 26, administrador de empresas formado pela PUC-SP, por exemplo, é funcionário do banco de investimentos Fator, há cerca de dois anos no mercado norte-americano. Kraiser foi mandado para Nova York quatro meses atrás.
"Vim para cá com os papéis em ordem, com visto de trabalho para ficar pelo menos até o ano 2000", explicou. "Continuando na empresa, depois é só renovar. Penso em construir minha vida por aqui, estou muito bem adaptado e gostando bastante."
Antes de se mudar para Nova York, Kraiser já havia visitado várias vezes os Estados Unidos. "Há três anos e meio que cuido da área internacional do banco e tinha muitos clientes por aqui."
O caso de Eliana Caetano, 27, é parecido. Mineira de Belo Horizonte, foi parar em Nova York em janeiro de 96, depois de morar na Itália e em Israel.
"Trabalho por conta própria fazendo compras para lojistas no Brasil", contou. "Vim quando as fronteiras comerciais no mundo todo começaram a cair."
Com a abertura comercial no Brasil, o volume de negócios com os Estados Unidos cresceu. "Faturo bem uns US$ 4 mil por mês."
Diferentemente de Kraiser, porém, seu visto não é o de trabalho. Mas a situação é temporária. Eliana vai se casar com um israelense, que tem a cidadania norte-americana, legalizando sua situação.
Subindo de vida
Entrar nos Estados Unidos com o pé direito não é privilégio de todos. Altair Ferreira, 26, foi um dos que entrou com a cara e a coragem. Ilegal, US$ 500 no bolso, passou seis meses limpando o chão de um supermercado de Miami.
"Ganhava US$ 120 por semana, trabalhando 12 horas por dia", contou Ferreira, que decidiu, então, tentar a sorte em Nova York.
"Daí as coisas começaram a dar certo. Passei a trabalhar como cozinheiro, conheci uma americana e decidimos nos casar. Depois de três anos tirei minha cidadania e estou até hoje por aqui."
Separado da primeira mulher, ele decidiu montar seu próprio restaurante, inaugurado na semana passada, na Primeira Avenida com a rua 77. "Meu sonho está virando realidade", afirmou Ferreira.
(JCA)

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