São Paulo, domingo, 27 de julho de 1997 |
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"Cidade azul" sensibiliza o espectador, mas faltam peripécias
MÔNICA RODRIGUES COSTA
A história do espetáculo começa com um teatro de bonecos com a técnica bunraku -em que bonecos são movimentados por três manipuladores que interagem expressivamente com eles. Depois continua com bonecos iguais, mas menores, de luvas; em seguida, há cenas com atores humanos nos mesmos papéis dos bonecos -que brincam com a platéia- e finalmente termina com os bonecos do gênero bunraku. A entrada deles em cena não é tão cronológica assim, mas o efeito dessas dimensões (e materialidade) dos personagens chama a atenção, além de ser encantador. Os bonecos de luva têm a função de dar perspectiva às cenas em que os personagens passeiam entre os prédios da cidade, montada num cenário que tem profundidade e volume. As crianças menores se envolvem e participam mais do que as maiores, que talvez sintam falta de um enredo mais complexo, com mais peripécias. Mas todos os espectadores concordam -e sabemos disso pelos comentários depois do espetáculo- que as técnicas do grupo Truks seduzem por sua elaboração competente pelo bom acabamento. Tudo é muito bem-feito, do cenário à iluminação. A história é utópica. Mostra o relacionamento entre um menino de rua, negro, e uma loirinha de classe média. O enredo sensibiliza o espectador para a capacidade afetiva das crianças que passam o maior tempo de suas vidas nas ruas e para um comportamento não preconceituoso por parte da classe média dos prédios urbanos. A amizade das duas crianças acontece numa rua ideal e sem perigos. A garota perde sua bola, conhece o menino e passa a brincar com ele. De ameaça, há apenas a da mãe, que manda o irmão mais velho tirar a irmã da rua. O Truks adquiriu visibilidade em São Paulo a partir da montagem de "Truks, a Bruxinha", adaptada dos livros de Eva Furnari. O espetáculo "Histórias com Desperdício", em co-produção com o Teatro de la Plaza, da Argentina, ficou pouco tempo em cartaz. Agora, "Cidade Azul', patrocinada pela Coca-Cola e Panamco Spal e incentivada pelo Prêmio Estímulo 1996, da Secretaria Estadual da Cultura, chega para firmar o grupo como um dos melhores de São Paulo. Peça: Cidade Azul Direção: Henrique Sitchin Com: Verônica Gerchman, Sandra Grasso (manipuladores) e outros Onde: Centro Cultural - sala Jardel Filho (rua Vergueiro, 1.000, tel. 011/277-3611) Quando: sábados e domingos, às 16h Quanto: R$ 6 Texto Anterior: P.U.S. exibe 'Presets' no Sesc Ipiranga Próximo Texto: Exposição de Monet é prorrogada até 10 de agosto Índice |
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