São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 1997 |
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Acordo encerra greve da PM após 12 dias
XICO SÁ; LUIZ FRANCISCO
Depois de 12 dias de pânico em Recife, os policiais, acuados com o medo de perda do emprego e punições, chegaram a um acordo com o governo Miguel Arraes (PSB). A PM aceitou um aumento que varia de 14% (sobre a remuneração dos oficiais) até 45,7% (para cabos e soldados) e a promessa de anistia para todos os grevistas, incluindo os líderes que comandaram a paralisação em Recife. O valor será pago a partir de agosto, em apenas uma vez -Arraes havia feito proposta para pagar em quatro parcelas. A anistia, no entanto, vai depender de negociações políticas entre o governo e a Assembléia Legislativa. A garantia de que defenderia os militares de eventuais punições foi dada ontem pelo presidente da Casa, Djalma Paes, do PSB, partido de Arraes, e líderes de todos os partidos, em encontro com as lideranças dos grevistas. O próprio corregedor da PM, coronel José Ramos, formalmente o responsável direto pelas punições, também participou da reunião e deu a sua palavra: "Não haverá perseguição nem injustiça". Empolgado, o corregedor foi ao microfone da assembléia dos cabos e soldados e fez um discurso. "Nós não sabíamos que havia tanto bandido por aqui", disse. "Vamos prender os bandidos." Contratações Mesmo com o anúncio do final da greve, o governo do Estado, segundo apurou a Folha, estudava a possibilidade de manter a decisão de contratar mil novos PMs. O objetivo seria manter uma tropa fiel ao governo, para casos de novas paralisações. Entre os líderes da greve, essa possibilidade mostrava que o governo teria dúvidas sobre a questão de punir ou não os militares. No Palácio do Campo das Princesas, sede do governo, era dada como certa ontem a punição de pelo menos dois líderes: Renato Ribeiro, da Associação de Cabos e Soldados, e o capitão Alberto Feitosa, da Associação dos Oficiais. "Recebemos a garantia do líder do governo na Assembléia de que não pode haver punição", disse Ribeiro. Para Feitosa, eventual punição quebraria todo o acordo. A assembléia final contou com a presença de poucos militares. A decisão foi tomada por menos de 500 cabos, soldados e oficiais. Nos encontros anteriores, eles conseguiam reunir mais de mil. Em todos os discursos, os líderes destacavam que estavam voltando devido ao "apelo do povo" e não por causa do governo Arraes. A Polícia Civil continua em greve. (XICO SÁ e LUIZ FRANCISCO) Texto Anterior: Campanha deve ter verba estatal, diz premiê Próximo Texto: Soldado baleado durante assalto morre em Recife Índice |
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