São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 1997
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Celular aquece mercado imobiliário

CLAUDIA GONÇALVES
MAURICIO ESPOSITO

CLAUDIA GONÇALVES; MAURICIO ESPOSITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Aumenta a demanda por prédios e terrenos em São Paulo para instalação de antenas do sistema digital

A instalação do sistema de telefonia celular digital na Grande São Paulo vai agitar o mercado imobiliário na região.
Para instalar antenas e estações de radiobase, o consórcio BCP (que ganhou a concorrência da banda B) e a Telesp (que opera a banda A) terão de alugar tetos de prédios e casas ou até adquirir imóveis e terrenos baldios.
Antenas e estações de radiobase são equipamentos que transmitem e recebem as ondas emitidas pelos telefones celulares.
A escolha das melhores áreas para a instalação dos equipamentos é considerada assunto estratégico. Tanto a Telesp quanto o BCP não revelam onde pretendem colocar as antenas e estações. Nem adiantam quanto pretendem pagar.
A Folha apurou que o aluguel de um topo de prédio em São Paulo oscila, na média, entre R$ 1.500 e R$ 2.000 por mês.
O preço varia conforme os aluguéis cobrados pelo metro quadrado em uma determinada região e pode chegar até R$ 10 mil por mês, como acontece nas áreas mais nobres.
O aquecimento desse segmento do mercado imobiliário deve movimentar também o setor de empresas de consultoria especializadas na negociação dos pontos e na instalação dos equipamentos.
Esse processo é conhecido como "site acquisition" (ou aquisição de local). Uma das empresas tradicionais do setor é a Promon Tecnologia S/A.
Alguns obstáculos
Instalar uma rede de celulares na Grande São Paulo é considerado um desafio de engenharia.
O principal obstáculo da região é a grande quantidade de edifícios, diz Vasu Reddy, presidente para o Brasil da empresa de engenharia e consultoria MSI (Mobile Systems International).
O consórcio BCP deve investir US$ 500 milhões e começar a oferecer seu serviço em até 12 meses.
Antenas demais
Áreas como a da avenida Paulista, cuja concentração de antenas é grande e onde existem variadas radiações eletromagnéticas, são as que exigem maior cuidado na hora da instalação das estações de radiobase (ERBs).
Para resolver problemas como esse, a inglesa MSI desenvolveu o software Planet, que auxilia no planejamento de redes de comunicação sem fio.
A empresa, que abriu seu primeiro escritório no Brasil na semana passada, também fornece bases de dados cartográficos de todas as regiões do país.
Nessa quantia, além do equipamento, já está incluído o aluguel da área que cada ERB e sua respectiva antena ocuparão.
Valor total
Reddy confirma que, numa cidade como São Paulo, o valor mínimo para a locação do topo de um prédio, por exemplo, é de R$ 1.000.
Considerando-se R$ 1.500 como preço médio do aluguel para a Grande São Paulo, o valor movimentado em aluguéis será de R$ 750 mil por mês, caso o BCP instale 500 ERBs.
A Telesp tem 565 ERBs espalhadas pelo Estado de São Paulo para atender os atuais assinantes de celulares analógicos.
Com o início da operação do sistema digital da estatal -que deve ocorrer em maio de 98- mais 726 ERBs serão instaladas (caso a tecnologia vencedora seja o TDMA) ou 358 (caso vença o sistema CDMA).
Para colocar em funcionamento o novo sistema digital, a Telesp investirá R$ 600 milhões -o que representará 1 milhão de novos terminais.

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