São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 1997
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Brasil 2000 não toca só o que é "bom"

ALEX PERISCINOTO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

"Ninguém é Deus. É chato ter de julgar o trabalho de alguém. Mas é o que eu faço", diz Tatola, ou João Carlos Godas, 39, o homem que decide o que toca na Brasil 2000.
Ex-vocalista da banda de rock Não Religião, Tatola diz que tem background musical para escolher as músicas. "Também já trabalhei em gravadoras", diz.
Segundo ele, a rádio, especializada em rock, toca até "músicas que não são consideradas boas".
"Temos de levar em consideração o tempo que o cara gastou no estúdio, escrevendo, ensaiando. Não dar uma chance só porque não gostamos daqueles 30 segundos é falta de respeito", diz.
Ele enfatiza o caráter democrático da programação da rádio, que mistura grupos consagrados com alternativos. "Há o mesmo respeito pelo cara da grande gravadora e pelo que não tem nenhuma."
Segundo ele, a rádio não depende das gravadoras. "Temos assinaturas de selos estrangeiros e recebemos CDs de alguns artistas antes de saírem no Brasil."
Para quem quer conhecer artistas ou músicas novas, há o programa "Lançamento Nosso de Cada Dia", que traz a competição entre dois lançamentos. Três ouvintes entram no ar criticando as faixas. Os outros participam deixando sua opinião com a equipe da rádio.
"Assim, temos um parâmetro do que está agradando a audiência. O programa é reprisado em três edições, todas são abertas aos telefonemas. Foi assim que lançamos Skamudongos, Tantra, Charlie Brown Jr., Virna Lisi."
Tatola diz que quase sempre a rádio é forçada a tocar a "faixa de trabalho" porque a gravadora não libera outras antes do lançamento do disco cheio. "Eles fazem de propósito. Com 'Queimando Tudo', do Planet Hemp, foi assim."
Quando o CD é lançado, Tatola diz ter a preocupação de escutar todas as faixas. "Se rolar outra música que eu ache que o ouvinte vai gostar, eu toco."
Sobre jabá, diz que nunca recebeu. "A gravadora pode fazer uma promoção que seja interessante para o ouvinte, como dar CDs do Charlie Brown Jr. Mas, mesmo assim, não aumentamos a execução da música do grupo."
(AP)

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