São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 1997 |
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Caixa traz inéditas mal gravadas
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
Demo gravada para chamar a atenção do dono da pequena gravadora, Sam Phillips, é caso que se repetirá ao longo dos quatro volumes da caixa: é gravação deficitária, repleta de ruídos, de valor a ser debitado ao mito Elvis, não ao artista. Seguem-se raridades como "Blue Moon", em versão que abusa do conceito de gravação amadora, takes alternativos quase sempre muito parecidos às versões já conhecidas de seus hits (de "Heartbreak Hotel" a "Suspicious Minds"), gravações televisivas quase inaudíveis ("Hound Dog", "Love Me Tender"), o hino religioso "Oh How I Love Jesus". No decorrer dos CDs -ao menos empacotados em primoroso projeto gráfico-, vai-se percebendo que as gravações mais aceitáveis, em se tratando de qualidade de gravação, vêm acompanhadas de asteriscos que significam seu não-ineditismo. Quando tudo é muito límpido -caso das geniais "Don't Be Cruel", "It's Now or Never" e "Can't Help Falling in Love"-, percebe-se logo: são as versões que todo ser nascido após 1956 já ouviu algum dia na vida. Certo, há as curiosidades: "Bossa Nova Baby", uma bossa mais mexicana que brasileira, "Blowin' in the Wind", de Bob Dylan (irreconhecível de tão mal cantada e gravada), coisas assim. Trilhas "Platinum - A Live in Music" chega ao Brasil complementada por dois outros lançamentos: a edição em CD da rala coletânea "Disco de Ouro" (77) e a transformação num álbum de canções dos filmes "Jailhouse Rock" e "Love Me Tender", estrelados por Elvis, antes dispersas por vários discos. Enquanto reedições (as trilhas e as faixas não-inéditas da caixa) atendem aos anseios dos interessados pela fisiologia da gênese do rock'n'roll -desnecessário afirmar que Elvis é figura capital do processo-, "relíquias" inéditas alcançam o sempre ativo batalhão de cultores do mito, para os quais qualidade musical é o último fator de interesse. O texto de apresentação afirma que a caixa pretende complementar, não duplicar o material disponível de Elvis. Na verdade, faz as duas coisas, sempre sem muito fôlego para novidades -já não há mais novidade. A conclusão é que, baú sem fundo, o mito de Elvis segue adiante, pródigo aos cofres de seu espólio (gravadora, parentes e até Michael Jackson, que já andou bicando o ex-sogro) e cruel ao bolso do fã e à saúde do próprio Elvis, escarafunchado além da conta num universo criativo que se esgotou em 1977, com sua morte. Vinte anos atrás. (PAS) Discos: Jailhouse Rock, Disco de Ouro e Platinum - A Life in Music (caixa com quatro CDs) Artista: Elvis Presley Lançamento: BMG Quanto: R$ 100 (a caixa, aproximadamente) e R$ 18, em média, cada CD Texto Anterior: ELVIS VIVE! Próximo Texto: CRONOLOGIA Índice |
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