São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 1997
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Museus franceses dão prejuízo de US$ 16 mi

MARTA AVANCINI
DE PARIS

Os museus franceses administrados pelo governo deram prejuízo de 96 milhões de francos (cerca de US$ 16 milhões) no ano passado.
O balanço, divulgado no última quinta-feira, vai levar à mudança da estratégia adotada pelas instituições nos próximos três anos.
"Não vamos realizar nenhum grande evento. Não há dinheiro", disse Madeleine Pedriallat, diretora de comunicação da RMN.
O prejuízo ocorreu na chamada RMN (Reunião de Museus Nacionais), formada por 33 museus espalhados por toda a França e que inclui os principais e mais conhecidos -como Louvre, d'Orsay, Picasso e Cluny (Idade Média).
Também existem na França museus municipais, administrados pelas prefeituras.
Segundo Madeleine, o prejuízo tem uma dupla explicação: o alto investimento feito para modernizar as instituições e a queda da frequência, que impossibilitou a recuperação do caixa.
Os museus da RMN se sustentam principalmente com a renda das bilheterias e com a venda de produtos (catálogos, livros e presentes) associados a eles.
Para entrar no museu do Louvre, por exemplo, o visitante paga 45 francos (US$ 7,50). Um cartão postal com reprodução de uma obra de arte gira em torno de 5 francos (US$ 0,80).
A perda acumulada desde 95 chega a 144,8 milhões de francos (cerca de US$ 24,1 milhões). Nos últimos dois anos, eles realizaram negócios da ordem de 384 milhões de francos (US$ 64 milhões).
Em 96, cerca de 8 milhões de pessoas passaram pelos museus franceses, um número 12% menor que no ano anterior. Essa queda se soma à verificada em 95, quando o público baixou 15% na comparação com 94.
Os museus fixaram a meta de tentar recuperar o público para voltar aos índices históricos de frequência em torno de 10 milhões de pessoas ao ano. Isso será feito por meio de exposições especiais, embora não consideradas megaeventos, como "Os Impressionistas da Coleção Havemeyer" programada para o museu d'Orsay.
Mídia
"Vivemos em um mundo muito midiatizado e parece que as pessoas só vão aos museus quando há um grande evento, algo espetacular", disse Madeleine se referindo aos espaços que foram criados nos últimos anos.
Entre eles, Madeleine menciona o museu d'Orsay, que abriga coleções de obras produzidas entre o final do século 18 e início do 20, e o museu Picasso, cujo acervo é composto exclusivamente de obras do pintor espanhol Pablo Picasso.
A chamada modernização dos museus incluiu a abertura de espaços comerciais para venda de produtos ligados aos museus e a ampliação da gama de produtos vendidos. "Vamos ter de rever isto também. Vamos mudar os catálogos de produtos e procurar oferecer coisas mais próximas do que público deseja."
Isso implica adotar uma visão mais comercial, ausente da administração RMN. "Sempre procuramos priorizar o lado cultural."

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