São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 1997
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Americano vê Pol Pot no Camboja

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pela primeira vez em 18 anos, Pol Pot, ex-líder da guerrilha Khmer Vermelho, do Camboja, foi visto vivo por estrangeiro, anunciou ontem um jornalista dos EUA.
Nata Thayer, correspondente da revista "Far Eastern Economic Review" no país, disse que ele e um colega viram Pol Pot em Anlong Veng, uma das últimas regiões sob controle da enfraquecida guerrilha.
"Eu vi Pol Pot", disse Thayer ontem. O jornalista, porém, não forneceu maiores detalhes sobre o fato. Thayer disse ter imagens do líder. A revista promete publicar a reportagem de Thayer em sua próxima edição.
O ex-líder do Khmer Vermelho, 69, foi visto pela última vez por repórteres em 1979. No ano passado, houve rumores de que Pol Pot havia morrido. Relatos mais recentes disseram que o ex-dirigente do Camboja estava muito doente.
Anteontem, a rádio do Khmer Vermelho anunciou que seu ex-líder fora condenado pelo grupo à prisão perpétua culpado de crimes contra "o povo e a nação". Thayer disse que estava presente ao julgamento.
Pol Pot conquistou o poder no Camboja em 1975. Durante seus quatro anos de governo, o líder da guerrilha pró-China estabeleceu um dos mais sangrentos regimes da história. Até 1979, quando uma invasão do Vietnã derrubou Pol Pot e seu grupo do poder, mais de 1 milhão de pessoas haviam morrido em execuções, de fome ou em campos de trabalho forçado.
Depois de perder o poder, o Khmer Vermelho, passou a deter posições no norte do país.
Recentemente, negociações de paz estavam ocorrendo entre o grupo e o príncipe Norodom Ranariddh, líder de uma das facções que disputam o poder no Camboja. A eventual reincorporação do Khmer Vermelho à vida política do país, porém, foi abortada pela ação do atual homem forte do Camboja, o premiê Hun Sen.
Nos dias 5 e 6 de julho, forças de Hun Sen expulsaram partidários de Norodom, então primeiro premiê, de Phnom Penh (a capital do país). Os dois premiês dividiam o comando do país por meio de uma coalizão estabelecida em 1993.
Hun Sen nega que tenha dado um golpe. Ele argumenta que Norodom estava se aliando ao Khmer Vermelho e infiltrava membros do grupo em Phnom Penh.
Hun Sen convidou Ung Huot, membro de ala dissidente do Funcinpec (o partido do príncipe), para ocupar o lugar de Norodom. O premiê deposto reagiu ontem, expulsando Ung Huot do partido.

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