São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Leitor está cansado de comprar gato por lebre

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Ninguém nunca soube dizer se ela era alta ou baixa ou se tingia os cabelos. A verdade é que ela sempre foi mais comentada do que fotografada.
No máximo, sabemos que a doce senhora tem algo de Pedro 2º: assim como o monarca, a Velhinha de Taubaté sempre foi considerada mais velha do que seu "pai", o grande Luís Fernando Veríssimo.
Nos últimos anos, ouvi um sem-número de boatos sobre o paradeiro da conterrânea de Monteiro Lobato. Chegaram até a dizer que ela estava paralisada em um leito hospitalar, com sequelas de um derrame sofrido à época do confisco da Zélia (toc, toc, toc!). Sei não.
Mas uma coisa é certa: a Velhinha se foi sem deixar clones.
Eu explico: não sobrou no país um único leitor, um só telespectador, que ainda acredite em "versão oficial". Exemplos tenho colhido aos montes, de leitores que me escrevem para comentar os acontecimentos que acabam nas manchetes dos jornais.
Na época em que a Velhinha de Taubaté ainda demonstrava alguma lucidez, pouca gente teria contestado o laudo final fornecido pelo Centro Técnico Aeroespacial sobre o mais recente acidente com um avião da TAM. Hoje, o pessoal pega no pé. E com toda a razão. Veja só: um leitor incrédulo me escreve para dizer que no buraco da explosão daquele modelo Fokker deveria existir uma porta de emergência: "Onde foi parar a porta?".
Outro questiona a irresponsabilidade da PF ao alardear a suspeita de que o tal professor seria o autor do atentado. Diz ele: "Depois de uma acusação leviana como essa, muito me admira não ter rolado nenhuma cabeça na Polícia Federal".
Mais: pululam cartas de leitor protestando contra o "pito" do presidente em Sérgio Motta.
E eles não deixam de chiar também sobre o "Chickengate", que envolve o nome da família Maluf. Veja o que diz um leitor: "Quanto mais eu leio sobre o caso, mais me convenço de que, dessa vez, o Maluf não tem culpa. O xerox adulterado de nota fiscal que o vereador Carlos Neder (PT) diz ter em mãos não é prova. Aliás, até agora, o Ministério Público não amealhou nenhuma prova concreta. É razoável condenar na imprensa quem quer que seja dessa forma?"
Não, caro leitor, não é. Razoável é constatar que o triste episódio da Escola Base ainda não foi bem digerido pelos meus colegas.

Texto Anterior: Valor é 40% da verba do PAS
Próximo Texto: Prince who?; Babe; "Empty-V"
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.