São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 1997
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SUBSÍDIO SUSPEITO

As empresas de ônibus da capital provocaram uma ameaça de greve de motoristas e com isso conseguiram obter um aumento dos subsídios pagos pela Prefeitura de São Paulo. O prejuízo que o acordo causará aos cofres municipais, da ordem de R$ 12 milhões mensais, traz à luz todo um conjunto de situações duvidosas.
Para obter subsídios, os empresários do setor alegam que cada passageiro custa R$ 1,17. Mas, só com a passagem de R$ 0,90 -e sem receber qualquer benefício-, muitas pessoas e pequenas empresas são atraídas para a atividade usando ônibus clandestinos. É óbvio que, se o fazem, é porque obtêm lucros.
O crescimento do transporte autônomo com peruas e lotações é outro indício de que a tarifa oficial não é baixa, considerando os serviços prestados pelas grandes empresas. Mas, em vez de tornarem-se mais competitivas, as empresas de ônibus pressionam a prefeitura a restringir a atuação de seus competidores.
A administração municipal chega a dificultar o registro dos que querem trabalhar com transporte coletivo na cidade, em vez de habilitá-los e submetê-los a rigorosa fiscalização visando à segurança dos usuários.
O público só teria a ganhar com essa atuação, até porque, ao que consta, os autônomos nunca solicitaram subsídios. Além dos chamados ônibus clandestinos, as lotações -mais cômodas e com menor número de passageiros- permitem substituir em muitos casos o carro particular, com previsível melhora do congestionado tráfego da cidade.
É lamentável que o Executivo municipal pretenda conter o preço das passagens usando subsídios duvidosos, em vez de promover maior competição. O custo de ceder à pressão das empresas de ônibus é, como sempre, pago por todos os cidadãos.

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