São Paulo, sexta-feira, 1 de agosto de 1997
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"Balanço ambiental" da Amazônia

ANTONIO SILVEIRA DOS SANTOS

Atualmente o território amazônico está praticamente "palmilhado" por satélites, conhecendo-se o potencial de suas riquezas naturais. O turismo permite que pessoas adentrem pelos rios e pela própria floresta com certa facilidade. Não há mais tantos segredos ou lendas a atrair "conquistadores", como no século 16, mas há um grande problema a enfrentar: a cobiça internacional pelos seus recursos florestais. Em miúdos: a cobiça por nossas madeiras.
Os órgãos de comunicação têm informado que madeireiras asiáticas estão adquirindo terras e se preparando para extrair madeira da Amazônia, o que tem preocupado muito os ambientalistas brasileiros e estrangeiros, assim como a sociedade consciente da problemática ambiental.
O que trouxe a indústria madeireira asiática a essas paragens? Podemos dizer que foram o esgotamento das florestas exploradas da Malásia, Filipinas, Guiné etc., o grande potencial madeireiro da região amazônica, a fragilidade de nossa fiscalização por falta de recursos materiais e humanos, a dificuldade da aplicação prática das normas ambientais -ante a extensão territorial- e a existência de mão-de-obra barata devido à extrema pobreza da grande maioria da população.
O que fazer então? Há muito que fazer e rápido, como, por exemplo, uma moratória extrativista de três ou quatro anos, nos moldes da Guiana; um real zoneamento ambiental, destinando áreas para exploração sustentável da madeira; instituição de áreas "intocáveis" de reservas; canalização de recursos para a região, propiciando o aparelhamento da fiscalização com aumento do contingente de fiscais etc.
Assim, sugerimos que a região amazônica seja "fechada" para um "balanço ambiental", para que possamos repensar e estudar a política brasileira extrativista da madeira, bem como a sua inevitável ocupação.
Isso não quer dizer que haverá estagnação econômica, pois existem muitas outras formas de atividades na região.
A OAB (Ordem dos Advogados), seção São Paulo, está iniciando uma campanha de fiscalização do processo de desenvolvimento da ocupação da Amazônia, para que esta seja feita de forma sustentável e provocando o mínimo de prejuízo do meio ambiente.
Portanto, se nada for feito efetivamente, o lendário e decantado Eldorado não passará de um triste e deserto sonho nosso e também dos nossos descendentes.

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