São Paulo, sexta-feira, 1 de agosto de 1997
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Avião foi vistoriado antes de decolagem

FERNANDA DA ESCÓSSIA
ENVIADA ESPECIAL A VITÓRIA (ES)

O responsável pela última limpeza no Fokker-100 da TAM, Maximino Giacomin, 51, disse ontem que fez uma operação pente-fino na aeronave meia hora antes do embarque e que não encontrou nada suspeito ou fora do normal.
"Não vi nada de diferente no avião e a minha função é reparar em qualquer coisa. Se tinha uma bomba, como dizem por aí, não foi colocada em Vitória", afirmou. Segundo ele, a vistoria durou apenas 15 minutos, de 6h20 a 6h35.
Giacomin disse que, durante sua inspeção, um mecânico da TAM, dois funcionários da Comissaria Vitória -fornecedora de lanches- e a tripulação do avião estavam dentro da aeronave.
Giacomin é funcionário da Sata (Serviços Auxiliares de Transportes Aéreos) no aeroporto de Vitória, de onde o avião decolou no dia 9 de julho. Trabalha há 23 anos fazendo faxina em aviões.
Adalberto Alves Faria, Carlos Magno Favaro e Rogério Bento, funcionários da Sata responsáveis por uma faxina de 45 minutos na aeronave na noite de 8 de julho, disseram não ter encontrado qualquer sinal suspeito na aeronave.
A faxina, segundo eles, inclui limpeza dos cinzeiros, das poltronas e dos sanitários. Robert Sobrinho, 18, funcionário da Comissaria Vitória, também ouvido ontem, disse que colocou os lanches no avião, mas não percebeu nada de estranho.
Apenas dois passageiros afirmaram ter percebido algo de suspeito no vôo. Amélia Rosa afirmou que uma funcionária da TAM falou em ameaça de bomba e disse ter ouvido que o professor Leonardo Teodoro abria os olhos mesmo desmaiado.
César Herkenhoff disse que ouviu um estalo no avião muito antes da explosão e que ouviu um funcionário da TAM afirmar que a explosão fora sabotagem de uma empresa concorrente.
A advogada da Sata, Letícia de Moraes, acompanhou os funcionários da empresa e reclamou que eles foram inquiridos pela Infraero. "A Infraero não tem poder de polícia e causou constrangimento aos funcionários", disse.
A superintendente da Infraero, Elisabeth da Cunha Chaves, informou, por sua assessoria de imprensa, que não daria informações sobre o assunto.
O delegado Renato Halfen, superintendente da PF em Vitória, disse que, depois do acidente, o efetivo de policiais no aeroporto foi reforçado por ordem da superintendência da PF em Brasília.
"Somos responsáveis apenas pela vistoria de documentos dos passageiros ou por distúrbios acontecidos nas aeronaves. A Polícia Federal não tem obrigação de revistar bagagens", disse.
O delegado Leandro Coimbra, que foi de São Paulo para acompanhar o caso, não quis avaliar o resultado dos depoimentos. Foram ouvidas ao todo 30 pessoas.

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