São Paulo, sexta-feira, 1 de agosto de 1997
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Nordeste é revisto em novas produções

NAIEF HADDAD

O cinema brasileiro tomou um norte. Se o primeiro semestre foi dos cariocas "O Que É Isso, Companheiro?", "Pequeno Dicionário Amoroso" e "O Homem Nu", e dos paulistas "Um Céu de Estrelas" e "Ed Mort", o segundo traz vários -e bons- filmes que têm o Nordeste como pano de fundo.
Uma semana depois da estréia do premiado "O Sertão das Memórias", de José Araújo, chega hoje aos cinemas a produção de Paulo Caldas e Lírio Ferreira, "Baile Perfumado", realizado em Pernambuco. Além disso, dos 13 filmes brasileiros que devem entrar em cartaz até o final do ano, seis foram filmados na região nordestina.
São eles: "Guerra de Canudos", "A Ostra e o Vento", "For All", "Bocage", "Corisco e Dadá" e "Crede-mi" (veja quadro ao lado). Com um orçamento de R$ 6 milhões e um elenco de primeira -José Wilker, Paulo Betti, Marieta Severo e Cláudia Abreu- "Guerra de Canudos" estréia no início de outubro.
Outro filme aguardado é "A Ostra e o Vento", de Walter Lima Jr., que entra em cartaz depois de sua participação no Festival de Veneza que acontece no final deste mês.
As demais produções foram realizadas no Rio Grande do Sul ("Anahy de las Missiones"), Rio de Janeiro ("Miramar" e "Navalha na Carne"), interior de São Paulo ("Buena Sorte") e até a fronteira com o Paraguai ("Os Matadores").
Novo cinema
Diz-se que a grandeza do cinema está em reunir elementos de todas as demais formas de arte. A sentença, talvez, soe exagerada. "Baile Perfumado" mostra que, talvez, não. Roteiro simples e vigoroso, elenco afiado, jogo de imagens e músicas que lembra, em alguns momentos, Gláuber Rocha.
O libanês Benjamim Abrahão (Duda Mamberti em inspirada atuação) quer a qualquer custo filmar Lampião (Luis Carlos Vasconcelos) e seu grupo. Articula aqui e ali até ganhar a confiança do "governador do sertão". Assim o filme revela um personagem fascinante ainda mal explorado como o do inquieto Benjamim e relê o mito de Lampião. É um intrépido cinema brasileiro que volta à baila.

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