São Paulo, domingo, 3 de agosto de 1997
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'Exército' tenta suprir ausência de Oscar

LUÍS CURRO
ENVIADO ESPECIAL A FRANCA

Órfã de Oscar Schmidt, o maior nome da história do basquete masculino nacional, a seleção brasileira armou um "exército" para implantar um novo padrão de jogo e suprir a falta do cestinha.
Durante a semana, em Franca (401 km ao norte de São Paulo), 26 jogadores (ou mais de cinco times titulares) treinaram física e taticamente no ginásio Pedro Murilla Fuentes, o Pedrocão.
Para superar a ausência de Oscar -maior cestinha do Brasil em Olimpíadas, com 1.093 pontos, ídolo da torcida, líder em quadra e o jogador que arremessava nos momentos de decisão-, o técnico Hélio Rubens, 56, recorreu à quantidade para achar qualidade.
Oscar decidiu se aposentar da seleção e jogar apenas por clubes, depois do sexto lugar nos Jogos de Atlanta, no ano passado.
"ídolo, hoje, não tem mais mesmo. O Oscar foi um dos maiores fenômenos do basquete, um dos maiores cestinhas que o mundo já conheceu. Na seleção, o grupo jogava em função dele", diz Rubens.
"Agora mudou. Esse é um time que terá que mostrar uma personalidade própria e, sem um fenômeno, trabalhar coletivamente."
Para o treinador, que assumiu em junho, após mudança de comando na Confederação Brasileira de Basquete, o lugar ocupado por Ary Vidal, o trabalho coletivo será responsável pelo desempenho individual de cada jogador.
"O destaque (do time) virá, também, no aspecto da liderança", afirma Rubens. "O líder não se impõe, ele vai surgindo naturalmente. Hoje não sei quem é. Não sei nem o capitão da equipe."
Na opinião de Rubens, não se pode dizer nem mesmo que algum jogador tenha uma tendência a assumir o comando da equipe. "Todos estão nivelados."
Mas isso não o preocupa. O treinador usa o exemplo do próprio Oscar, com quem chegou a jogar na seleção no final da década de 70 e início da de 80.
"O Oscar, quando começou na seleção, não era líder e não era o cestinha. Levou alguns anos para colocar em prática sua potencialidade nos arremessos. É o que vai acontecer com esses rapazes."
Time B
Dentro do grupo, houve uma divisão: 12 dos 26 jogadores ficaram sob a supervisão do técnico Claudio Mortari, formando uma seleção B, que viajou à China, onde disputa, de amanhã a quinta, um torneio internacional com Argentina, EUA e a seleção local.
Os outros treinam para conseguir uma vaga na seleção principal. No fim deste mês, no Uruguai, o Brasil joga a Copa América, que oferece quatro vagas para o Mundial da Grécia, em 98.
Rubens só pode levar 12 jogadores e, ontem, dispensaria dois.
Na próxima semana, o pivô Josuel, recuperado de contusão na coxa esquerda, se junta aos 12 restantes. Rubens pretende utilizá-lo em amistosos para saber se ele terá condições de ir à Copa América.
Aprovação
Os jogadores da seleção gostaram do novo sistema de trabalho.
"É bom para todos. Os titulares não vão poder se acomodar, senão perdem o lugar", disse o pivô Macetão, da seleção B.

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