São Paulo, domingo, 3 de agosto de 1997
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Vergonha; Precedente perigoso; Injustiça; Não encaixa; Chantagem; Compromisso social; Outras fontes; Sonho roubado; Péssimo exemplo

Vergonha
"Leio em 1º/8 que 1.434 casos de sarampo ocorreram este ano em São Paulo.
Uma vergonha para a nossa saúde pública, quando se sabe que a vacina contra o sarampo existe desde 1960.
E agora, em 1997, estamos assistindo à morte de milhares de crianças por sarampo, numa demonstração, mais uma vez, da insensibilidade e incompetência das autoridades de saúde pública desta infeliz nação, onde não mais surgiram estadistas do porte de um Rodrigues Alves e cientistas com a competência de Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Rocha Lima e Adolfo Lutz."
Ricardo Veronesi, professor emérito da Faculdade de Medicina da USP -Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)
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"Por mais que se queira combater a fraude e a corrupção no setor da saúde, por mais que sejam criados mecanismos alternativos de obtenção de recursos -a exemplo da CPMF-, menor tem sido o salto de melhoria e qualidade nessa área.
O que o governo tem feito para resolver tão grave problema? Pouca coisa. O lançamento dos programas de erradicação de doenças, mesmo com o anúncio do Ano da Saúde-97, foram praticamente cancelados ou desmembrados de maneira que sua importância social foi quase desqualificada."
Ricardo Alves de Oliveira, diretor jurídico da Federação das Entidades dos Trabalhadores do Ministério da Saúde -Fetrams (Rio de Janeiro, RJ)

Precedente perigoso
"Transformar as superquadras de Brasília em condomínios fechados é consentir na invasão do espaço público das cidades. É no mínimo inconstitucional.
Transformar o espaço de todos em guetos de invasores privilegiados é um precedente muito perigoso para a ordem social de nossas cidades.
O Instituto de Arquitetos do Brasil manifesta o seu repúdio ao projeto de lei que quer transformar as superquadras de Brasília em condomínios fechados, de autoria do deputado José Edmar Cordeiro, do PMDB, que tramita na Câmara Legislativa do Distrito Federal."
Gregorio Repsold, presidente nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil (Vitória, ES)

Injustiça
"Segundo o noticiário de 24/7, o sr. João Pedro Stedile, líder do MST, considera os policiais 'seres inferiores'.
Nega-nos o que, embora às vezes em campos opostos, por dever de ofício, nunca lhe negamos: a qualidade de igual e de irmão, ao menos em centelha divina.
Mas algo de bom resulta de tão infeliz pronunciamento. Cai a máscara do sr. Stedile.
O suposto lutador de causas sociais revela-se publicamente na plenitude da sua arrogância, do seu gigantesco preconceito e do seu perigoso e empedernido radicalismo ideológico.
Ele pratica, aproveitando-se do fato de ser uma figura nacionalmente conhecida, grave e truculenta injustiça, a mesma que alega combater."
Jairo Paes de Lira, tenente-coronel, comandante do 3º Batalhão de Polícia de Choque (São Paulo, SP)

Não encaixa
"As afirmações 'eu prendo, eu arrebento, eu invado, eu faço na marra' não servem para João Figueiredo nem para João Pedro Stedile.
E muito menos para uma sociedade democrática."
João Carlos Juruna Gonçalves, diretor-executivo do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (São Paulo, SP)

Chantagem
"Quando afirma que as declarações de João Pedro Stedile, membro da coordenação do MST, podem prejudicar o julgamento do líder José Rainha Jr., o ministro Raul Jungmann comprova que o Poder Judiciário é suscetível às posições políticas.
José Rainha está sendo processado por crime de homicídio e, portanto, deveria ser julgado de acordo com as provas materiais e testemunhais atinentes exclusivamente ao fato que deu origem ao processo.
As declarações -ou melhor, a advertência- não seriam uma chantagem quase explícita?
As declarações do ministro indicam que o julgamento de José Rainha será político, não com base nas provas do processo, mas como retaliação à radicalização do MST."
Heder de Sousa, Maria Almeida e Cecília Figueiredo (São Paulo, SP)

Compromisso social
"Este jornal deu compreensível destaque ao assassinato de minha irmã e meu cunhado, os médicos Maria José de Mesquita Romiti e Nedo Romiti.
Gostaria de registrar que ambos, membros da elite intelectual de Santos, eram profundamente comprometidos com os problemas da comunidade, aqueles ligados à saúde e a tudo o mais referente à justiça social.
Minha irmã, hematologista, desenvolveu trabalho pioneiro com hemofílicos e, depois, portadores do vírus da Aids, para o atendimento dos mais carentes.
Meu cunhado, perto dos 70 anos, continuava um incansável cirurgião na Santa Casa."
Maria Victoria de Mesquita Benevides, professora titular da USP -Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Outras fontes
"Quando houve o acidente da TAM em Congonhas, com elevado número de mortes, a imprensa, de uma maneira geral, durante vários dias, ficou propagandeando a versão da TAM sobre o fato, que justificava com problemas com um celular, rádio pirata etc.
Nenhuma das versões da empresa ajudou na investigação. Agora, a imprensa vem divulgando a notícia de atentado.
Para que não se cometa um atentado ao jornalismo, seria bom para todos nós, leitores, que não se fiassem tanto nas declarações da empresa, mas ouvissem técnicos governamentais e não-governamentais."
Antonio Roque Citadini, conselheiro do TCE -Tribunal de Contas do Estado (São Paulo, SP)

Sonho roubado
"Nos anos 70, quando sonhávamos com democracia e eleições diretas, o nome por quem poríamos as mãos no fogo (e até nos fuzis) era o de Miguel Arraes.
Que dizer, agora, da figura que se revelou? Primeiro, no escândalo do orçamento; agora, como destemperado no trato com o dinheiro público dos precatórios.
Mas o mais lamentável e imperdoável é o fato de o sr. Arraes estar destruindo a crença, já rara, de que a integridade seja possível num homem público!
Miguel, devolva nossos sonhos: renuncie!"
Martônio Ribeiro (Ribeirão Preto, SP)

Péssimo exemplo
"Quando todo o povo é diariamente afrontado pela prática da máxima de que 'o fim justifica os meios', como o recente exemplo da operação da compra dos votos dos deputados para a própria reeleição do presidente Fernando Henrique, não é de admirar a atual obediência dos soldados da PM a esses atuais (e péssimos) exemplos."
Fernando Salinas Lacorte (Rio de Janeiro, RJ)

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