São Paulo, segunda-feira, 4 de agosto de 1997
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Casa pré-fabricada exige cuidado com cupins

PRISCILA LAMBERT
DA REPORTAGEM LOCAL

Optar por uma casa pré-fabricada pode ser muito prático e ágil. Mas, para obter bons resultados, o consumidor deve avaliar alguns fatores básicos. A qualidade desse tipo de casa depende de um sistema construtivo adequado, da qualidade do material e da seriedade do fornecedor.
Segundo o Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor), um dos problemas mais comuns -além da demora na entrega do kit de madeira ou na montagem- é o surgimento de cupins meses após a conclusão da casa.
Foi o que ocorreu com o aposentado Plínio Morandi, 56, que montou uma casa pré-fabricada em uma chácara, no interior de São Paulo, em outubro de 95.
Segundo ele, depois de oito meses, o teto estava infestado de cupins, algumas paredes racharam e a parte elétrica estava com problemas. "A empresa Mein Hauss (de Curitiba), de quem comprei a casa, trocou algumas madeiras do telhado. Mas aí começou a chover dentro de casa. E continua até hoje."
Morandi levou amostras da madeira para serem analisadas no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), cujo laudo apontou partes úmidas que facilitam a proliferação de fungos e cupins.
O comerciário Sérgio dos Santos Maquinez, 31, teve o mesmo problema, com o aparecimento de cupins três meses depois da conclusão da casa. Ele também comprou o kit em outubro de 95.
Maquinez reclamou no Procon e conseguiu que a Mein Hauss, mesma empresa contratada por Morandi, entregasse material para troca de parte da madeira estragada. "Mas não vieram trocar até hoje, e os cupins estão atacando os móveis."
Guilherme Cicarelli, 42, auditor técnico da Mein Hauss, explica que deve ter acontecido de um lote ter sido vendido com cupins no núcleo da madeira.
"Temos um processo rígido de inspeção, mas quando o cupim está no núcleo, não é possível detectar", diz.
Cicarelli diz que as madeiras recebem tratamentos químicos de imunização nas próprias serrarias. "Mas vamos verificar os problemas dos consumidores para tentar resolvê-los sem que os clientes fiquem no prejuízo", diz.
Dicas
Vários tipos de madeira são utilizados para a construção de casas pré-fabricadas.
As mais comuns são jatobás, ipês, maçarandubas, eucaliptos e pinus -árvores cujas madeiras são mais resistentes.
Também podem ser utilizados outros tipos de madeira, porém menos resistentes. Essas devem passar por tratamentos químicos de imunização contra os fungos e cupins.
Como esse conhecimento é muito técnico, o consumidor deve checar, junto à empresa, qual tipo de madeira será usado na montagem da casa e pesquisar, com algum especialista, sobre as propriedades dessa madeira.
Antes da montagem da casa, é preciso fazer o tratamento do solo para eliminar focos de fungos e insetos. As empresas nem sempre se responsabilizam por esse cuidado. Por isso, é importante checar quem é responsável pelos tratamentos.
Segundo Laércio Godinho Teixeira, técnico da área de serviços do Procon, muitas vezes a empresa não assume a responsabilidade pelo aparecimento do cupim.
"O fornecedor estabelece que o consumidor deve fazer o tratamento do solo e a manutenção da madeira. Aí, quando surge o problema, a imprudência passa a ser do cliente", diz.

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