São Paulo, segunda-feira, 4 de agosto de 1997
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Há Gauguin e coco para todo o lado

Francês segue inspirando pintores locais

VAGUINALDO MARINHEIRO
DO ENVIADO ESPECIAL

Nenhum lugar é tão identificado com um artista plástico como a Polinésia Francesa é com o francês Paul Gauguin (1848-1903).
O pintor, que foi muito amigo do holandês Van Gogh, visitou a região três vezes e acabou morrendo nas ilhas Marquesas, em 1903.
Ele está por toda parte. Indiretamente, uma vez que os nativos ainda se vestem como aqueles pintados por Gauguin, ou diretamente, já que todos os artistas que trabalham ou vendem quadros nas inúmeras galerias das ilhas não conseguem se livrar do fantasma do pintor. Parecem apenas copiar os motivos e estilos de Gauguin.
Além disso, o pintor é nome de galerias e museus (óbvio), lojinhas de artesanato, ruas, bares etc. Nada escapa.
Outra dominante nas ilhas é o coco. A fruta é fonte de renda (é responsável pela segunda maior movimentação financeira das ilhas, só perdendo para o turismo), vestimenta (com a parte dura da fruta, as mulheres fazem sutiãs para usar nas danças típicas), material de construção (a palha funciona como telhado de muitas casas) e principalmente para a indústria de cosméticos.
Em qualquer loja, qualquer farmácia, você encontra sabonete de coco, óleo de coco, hidratante de coco, xampu etc.
Em todas as ilhas há fazendas de coco. Depois de colhida, a fruta é transportada para Papeete, onde ficam as indústrias de cosméticos.
Flores e Jardins
A terceira grande unanimidade das ilhas são as flores.
Você vai notar isso assim que descer do avião.
A primeira coisa que você recebe na Polinésia é um botão da tiare taitiana, uma florzinha branca e cheirosa que eles põem atrás da orelha, confeccionam colares e colocam em seu pescoço, como se você fosse hóspede do senhor Roarke, o anfitrião daquele velho seriado "A Ilha da Fantasia".
Fora do aeroporto, você vai perceber que a mania das flores não é apenas ritual de boas-vindas ("maeva", em taitiano), e que há uma infinidade de cores e tipos de flores.
Se você for trocar dinheiro, vai ver que o balcão do banco é parcialmente coberto por hibiscos, que as estradas parecem mais alamedas cercadas de flores e que cada polinésio parece ter feito curso de jardinagem.
A beleza dos jardins se explica por dois fatores.
1 - Nas ilhas habitadas há concursos de jardins. Os mais bonitos ganham prêmios.
2 - Ainda hoje, os jardins são a "morada eterna" dos polinésios. É tradição local enterrar os mortos nos jardins, onde são construídas pequenas casinhas, que são os túmulos. A tradição é considerada ilegal atualmente, e as ilhas estão ganhando cemitérios.
Mas a prática continua, e os habitantes parecem querer realmente manter bonitas suas futuras moradas.
(VM)

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