São Paulo, terça-feira, 5 de agosto de 1997
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Falta de polícia cancela shows no Nordeste

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE

O grupo mais vigiado pela polícia no Brasil, o Planet Hemp, foi obrigado a cancelar dois shows na semana passada, no Nordeste, exatamente por falta de polícia.
A situação para lá de esquisita ocorreu em Pernambuco, maior produtor nacional de maconha, e se repetiu em Alagoas, a terra que produz mais tabaco e escândalos políticos na região.
Quando Recife viveria o seu dia de Montego Bay (Jamaica), o show foi cancelado. O produtor Jorge Ayres, que contratou a banda, tinha razão de sobra para a desistência.
Com a greve das polícias Militar e Civil, a cidade vivia dias de pânico e a periferia experimentava situações dignas de quebra-quebras dos subúrbios de Los Angeles.
Claro que o pânico era maior que a barbárie, mas o suficiente para prender em casa a garotada que iria para o show.
Em Maceió, que teria D2 e companhia no sábado da semana passada, ocorreu a mesma coisa, também por causa da greve da PM.
A polícia está no encalço do Planet Hemp até na Internet. Por conta do site da banda (http:// 208.193.226.87/hemp/planet. html), a Divisão de Repressão a Entorpecentes, da Polícia Civil do Rio, abriu inquérito para tentar proibir o que poderia ser chamado de maconha virtual.
Os policiais querem enquadrar o grupo no artigo 287 do Código Penal, que trata da apologia ao crime. No caso, falar abertamente sobre o uso da maconha.
Com folhinhas de Cannabis sativa enfeitando a tela, as páginas na Internet trazem tudo sobre a banda e os seus componentes, história e todas as letras. Na página inicial, há logo uma dica oportuna: "Clique aqui para começar a viajar".

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