São Paulo, terça-feira, 5 de agosto de 1997 |
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Ataque de Israel mata cinco no Líbano
CLÓVIS ROSSI
Ao mesmo tempo, as Forças Armadas israelenses apertam o cerco contra os territórios palestinos, deslocando grande número de unidades das forças especiais e atiradores de elite para as imediações das seis grandes cidades sob controle da ANP (Autoridade Nacional Palestina). Segundo a Rádio Voz da Palestina, também tanques estão sendo concentrados "maciçamente" em volta das cidades. São evidências de que Israel mantém abertas as duas possibilidades de intervenção nos territórios palestinos: ou uma invasão convencional ou uma operação do tipo comando, para tentar prender os cabeças do terrorismo. No ar e na terra Foi exatamente um comando o responsável pelo ataque no Líbano, 10 km ao norte da zona que Israel controla por meio do chamado Exército do Sul do Líbano. A unidade desembarcou de helicóptero nas imediações da cidade de Nabatieh e travou duas horas de combate com o Hizbollah e com soldados do Exército libanês. Antes de se retirar, sem baixas, o comando deixou bombas-relógio, que, acionadas de um avião, mataram os cinco militantes do grupo extremista, que é financiado pelo Irã. A operação só acrescentou tensão a um cenário já de alta eletricidade, porque, como é de praxe nessas ocasiões, o Hizbollah prometeu "duras" retaliações. A lógica manda supor que serão mais fortes dos que os 90 pequenos atos de hostilidade praticados pelo grupo só no mês passado. A operação israelense pode ser entendida de duas maneiras: 1 - Israel conseguiu evidências de que o atentado de quarta-feira passada contra o mercado Mahane Yehuda (15 mortos, inclusive os dois terroristas, e mais de 170 feridos) foi praticado pelo Hizbollah. No domingo, havia versões de que o explosivo usado era o RDX, típico do Hizbollah. 2 - É uma resposta indireta ao presidente sírio, Hafez al Assad, cujo Exército manda no Líbano. Assad, no fim-de-semana, ameaçou recorrer à força para recuperar as colinas do Golã, que Israel tomou na guerra de 67, se fracassar a via diplomática, até agora estancada. A ameaça foi feita exatamente durante visita dele ao Irã, país que financia o Hizbollah. Alerta máximo Enquanto ataca no exterior, Israel mantém, internamente, o mesmo formidável esquema de segurança montado desde o atentado de quarta-feira passada. Permanece também o nervosismo, a ponto de a polícia ter informado que o número de telefonemas denunciando objetos ou veículos suspeitos cresceu 100% desde domingo, na comparação com os padrões normais. A segurança aumentou igualmente em instituições e embaixadas no exterior. Em algumas delas, aparelhos eletrônicos são usados para checar a correspondência, temendo uma carta-bomba. Os funcionários mais graduados do corpo diplomático foram orientados para mudar periodicamente suas rotas de casa para o trabalho e vice-versa. O esquema de segurança não deverá ser atenuado nos próximos dias. Ainda mais que Abu Assad, identificado como oficial do braço militar do Hamas (Movimento de Resistência Islâmico), deu entrevista à revista "Time" na qual diz que o grupo planeja o assassinato de Dennis Ross, o representante especial do presidente Bill Clinton para o Oriente Médio. Ross é esperado em Israel até o final da semana, para conversações tanto com o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, como com o líder palestino Iasser Arafat. Próximo Texto: Palestino teme uma 'explosão' Índice |
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