São Paulo, terça-feira, 5 de agosto de 1997
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Fome em massa ameaça Coréia do Norte

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A seca na Coréia do Norte devastou 70% das lavouras de milho e tornou mais grave a situação do país, que está sob risco de fome generalizada, anunciou ontem a ONU. Desde as inundações de 1995 e 96, o regime comunista da Coréia do Norte depende de ajuda internacional.
"A colheita está perdida. É um desastre absoluto, que ninguém previu porque eles (o governo norte-coreano) sempre acreditaram que choveria no dia seguinte", disse Roberto Christen, conselheiro da FAO (órgão da ONU para alimentação e agricultura), que participou da missão da ONU que esteve no país no final de julho.
No fim-de-semana, a imprensa norte-coreana (sob estrito controle do governo) disse que houve 100 mm de chuvas na noite de sábado, o que poderia salvar a colheita. O relatório divulgado ontem pela ONU, entretanto, diz que, a esta altura, uma forte chuva não bastaria.
O relatório foi divulgado em Roma pelo Programa Mundial da Alimentação da ONU. Agências humanitárias disseram ontem em Pequim que 600 mil crianças menores de cinco anos -ou 38% do total- sofrem de desnutrição na Coréia do Norte.
"O que nós vimos realmente nos chocou", disse Tricia Parker, da organização não-governamental Oxfam Hong Kong. "Vimos crianças muito mal nutridas e temos certeza de que várias delas não vão sobreviver."
Negociações
A chance de mais ajuda humanitária cresce com as negociações de paz entre Coréia do Norte, Coréia do Sul, China e EUA. Elas estão previstas para começar hoje, em Nova York. Se elas se desenvolverem bem, deve crescer a quantidade de comida enviada aos norte-coreanos.
Como prova de boa vontade, a Coréia do Norte entregou ontem quatro corpos de americanos mortos durante a Guerra da Coréia (1950-53), que levou à divisão definitiva do país em um lado comunista e outro capitalista.
Oficialmente aquela guerra não acabou -existe apenas um armistício.
Em outra demonstração de avanços diplomáticos na região -deste vez com um resultado prático-, os sistemas de telefones das duas Coréias foram interligados ontem pela primeira vez desde os anos 40.
As linhas vão permitir que funcionários sul-coreanos que trabalham na construção de uma usina atômica no Norte entrem em contato com suas famílias.
As negociações de hoje devem servir apenas para definir um calendário preciso do processo de paz -ou seja, negociações substantivas, provavelmente só ocorrerão em setembro.

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