São Paulo, quarta-feira, 6 de agosto de 1997
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Projeto enfrenta resistência no Congresso

LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A comissão especial da Câmara que vai reunir as propostas sobre segurança pública deve ser instalada amanhã. A comissão vai discutir inclusive o projeto do governo, que, mesmo antes de ser encaminhado ao Congresso, já enfrenta resistência dos partidos aliados a FHC.
"Do jeito que está, essa proposta do governo não passa", afirmou o líder do PTB, Paulo Heslander (MG). "Essa matéria enfrenta dificuldades na Casa", disse o líder do PSDB, Aécio Neves (MG).
Para os líderes, o governo está conduzindo mal as negociações da proposta que modifica o sistema de segurança pública no país, motivada pela crise nas polícias militares em vários Estados.
"O Congresso não vai engolir essa proposta goela abaixo", disse Heslander. "O Congresso não será mera instância homologatória da proposta do governo", afirmou o deputado Wagner Rossi (SP), vice-líder do PMDB.
Segundo o líder do governo na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), o presidente Fernando Henrique Cardoso deverá se reunir com os líderes assim que tiver o texto do projeto.
Os líderes governistas querem tempo para discutir a proposta do governo, como estratégia para evitar que o assunto seja debatido em meio a um clima de revolta. "O Congresso não pode legislar sobre a emoção dos fatos", disse Rossi.
"Sou contrário a votar em regime de urgência urgentíssima para não sair um projeto tão ruim que, em vez de resolver, piore a situação", afirmou.
"A proposta de segurança não é uma coisa que possa ser resolvida da noite para o dia. É preciso cautela", disse Aécio.
"O general (Alberto Cardoso, chefe da Casa Militar) que propõe pressa parece que é da cavalaria, cujo lema é rápido e malfeito", afirmou Heslander.
Capitão reformado da Polícia Militar de Minas Gerais, Heslander disse que pontos sugeridos pelo governo -como campanha de desarmamento- já estão contemplados na legislação atual.
Para o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), o governo não deverá enfrentar dificuldades para aprovar mudanças na sistema de segurança, porque o problema está atingindo a sociedade. "O lobby das PMs é forte, mas o lobby do povo é mais forte", afirmou.
"Esta Casa é muito sensível à pressão popular, principalmente em um ano pré-eleitoral."
A comissão de segurança pública será presidida pelo deputado Abelardo Lupion (PFL-PR). O relator será do PSDB, provavelmente a deputada Zulaiê Cobra (SP).

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